27 dezembro, 2010

Cuecas

Os homens sabem a importância de uma boa cueca. Já as mulheres se preocupam mais com o que ela guarda. De uma forma ou de outra, é indispensável à rotina da humanidade. E, como se não bastasse, ainda ganha um significado ímpar durante o Réveillon. É por isso que o Hipérboles, hoje, traz esse esclarecedor post sobre algumas cuecas e que ideologia o homem que as usam traz em sua cabeça (na de cima):


Cueca branca - o homem que a usa é neutro como a cor: diz que deseja a paz para o ano que entra, mas não faz nada para atingi-la. Seria, por assim dizer, uma pomba da paz: por mais branca que seja, continua espalhando suas doenças pelas rodoviárias do mundo;

Cueca amarela - 80% dos homens que usam uma cueca amarela na virada de ano são pobres e acreditam que ela trará dinheiro no futuro. Os outros 20% só tem mau gosto; 

Cueca preta - é um homem que, apesar de todas as lambanças do governo americano, se solidariza com Obama. Com essa cueca visa adiantar a campanha do presidente dos EUA para a reeleição em 2012. Se a cueca tiver uma caveira, porém, pode também ser sinal de que é fã do Capitão Nascimento;

Cueca verde - também de feitio político, a cueca verde é sinal de que o homem votou em Marina Silva e ainda não se conformou com o resultado das urnas. Apesar desse gesto amável, não pense que ele tiraria a peça de roupa na frente da acreana: idolatria não tem relação com amor, nesse caso;

Cueca bege - é quem broxa durante o ano;

Quem não vai usar cueca na virada - homens que, como eu, já sabem o que querem e o que esperar da vida!




Obrigado a você, leitor, que teve a paciência de ler esse blog o ano inteiro. Bom ano e aproveite muito 2011 (porque em 2012 você já sabe...)!
PS: leia o texto do ano passado sobre RÉVEILLON

20 dezembro, 2010

Rápidas considerações natalinas

- O Natal é uma data inventada por comerciantes

- Papai Noel é uma criatura onipresente

- Que bom que existe o Natal! Se não fosse ele, o que você pensaria de um velho gordo e barbudo que presenteia os outros com coisas retiradas do seu saco e adora que criancinhas sentem em seu colo?

- Existe neve artificial nos shoppings da África? Existem shoppings na África? Existe Natal na África?

- Carro voador não é utopia do futuro. É uma possibilidade do presente. As renas do Papai Noel já dominam essa tecnologia há muitos anos!



Confira o texto natalino do ano passado. Está melhor que esse, garanto. Basta dar uma clicada no bom velhinho. Não se preocupe, ele gosta... PAPAI NOEL 

13 dezembro, 2010

Crise da meia idade

"Ai, credo. Credo! Que horror! Olha isso, olha! Mas será que você ainda consegue ver com essa pálpebra caída, sua velha? Velha, é isso que você é: uma velha! Rugas e mais rugas, esse cabelo horrendo, essa boca deformada, e, ai, Jesus, olha esse culote! Bom era quando você me recitava poesias, espelho, e não agora. Agora você é capaz de me denunciar pra polícia de tão acabada que estou!
Mas eu vou voltar, você vai ver, espelhinho, vou voltar a ser a deusa que sempre fui! Um pouco mais velha, é verdade, mas inteira. Ou melhor, velha não, experiente. É sempre muito importante se aceitar para resolver os problemas.
Vou ligar pro Carlos e marcar duas plásticas. Ou três, hein? Não sei se eu mexo no nariz... Não, já sei, o que eu preciso é de um tratamento nessa pele. Ligo pra Carlos depois. É, olha só, se estiver bem hidratada eu vou rejuvenescer uns dez anos! E então eu começo a fazer aulas de dança e academia e volto mais cinco anos no tempo. Vou ficar um arraso! Ninguém vai resistir ao meu charme! Afinal, eu sou uma mulher muito sexy, só um pouco acabadinha, mas uma delícia!
Enquanto isso vou comprar uns sutiãs mais ousados, umas calcinhas diferentes, sair um pouco. Preciso de umas roupas novas também, acho que é isso que está me envelhecendo... Será que é isso? Acho que é isso. Viu só, espelho, o problema nem é tanto comigo, seu mentiroso!
Quer saber, chega de papo: eu vou é comer um chocolate pra aliviar esse estresse. Ai, que delícia!"

06 dezembro, 2010

As formigas

É natural à formiga tomar recursos da natureza e guardá-los em seu lar, esconder-se, atacar até quando não é preciso, abater o inimigo, armazenar seus tesouros no fim do último túnel. O que não é natural, apesar de cada vez mais frequente, é o homem metamorfosear-se nesse inseto e embrenhar-se em seu formigueiro.
Não há romantismo nem aspectos kafkanianos na metáfora. É apenas a realidade ilustrada nas características de um animal. O homem escala os morros como a formiga escala as paredes, e depois cava fundo, cria caminhos, conexões com outros formigueiros, armazena recursos e tesouros dos quais se questiona a origem e serve ao dono do morro, ou melhor, à Rainha. Nasce a comunidade.
Como é natural no reino animal, a disputa pelo espaço é constante e as batalhas intraespecíficas são frequentes. Anexar o formigueiro ao lado é o objetivo, o qual, por vezes, é disfarçado por falsas alianças. Não se pode confiar em animais com antenas... Principalmente se essas antenas forem de TV a cabo ilegalmente instaladas (o famoso Skygato) ou para a comunicação por rádio entre os membros da comunidade.
Enquanto não sai do formigueiro, ninguém se importa com nada. Mas um dia as formigas saem e sua picada dói, irrita, pode até matar e, não duvide, mata constantemente. Há momentos em que pisar em um ou outro inseto não basta; é preciso eliminá-los todos; para isso usa-se veneno.
Em operações especiais, pulverizam os pontos críticos e toda a comunidade é afetada. As formigas tentam se defender de todas as formas: fazem barricadas, queimam carros e ônibus e, quando não há mais opção, fogem. O homem consegue dominar os animais, ou assim lhe parece.
 Então gritam, cospem aos ventos a novidade, sussurram com brados a todos os ouvidos: dedetização bem-sucedida! Um engano, é claro. Por mais eficiente que seja o veneno ou constante que sejam as ações de controle às pragas, é impossível eliminar as formigas. E por uma razão óbvia: sempre haverá açúcar.

29 novembro, 2010

Saudade

Não há nada pior a dois amantes. Imponham-lhes dificuldades, defeitos, proibições, restrições, enfim, problemas a que todos os casais estão sujeitos: o amor dá cabo de todos. Mas a saudade, leitor, essa parece invencível, eterna, mortal. É isso o que eles sentem. É isso que ela é.
A barreira espacial se ergueu entre eles. A temporal também. Ele viajaria pelo período de nove dias a fim de definir o próximo passo de seu futuro. Caminhou sem ela nessa empreitada, deixando à dama um buquê de saudade, tristeza e dúvida. O que haveria para eles, afinal? O fim? O recomeço?
Novos mundos engolem novos homens. Ele foi engolido pela cidade grande, pelas novidades, pelo que cativa de tão impressionante. O progresso seduz mais, às vezes, do que uma bela mulher. O futuro no presente é a ambição de todo visionário. Mas há um momento em que esse espaço cinza desencanta e os passos são atraídos pela voz doce daquela que ficou. Foi nesse momento que ele chegou a mais sábia das indagações: "De que me adianta abraçar o mundo se tudo o que mais quero é abraçar quem eu tanto amo?"
Por isso ele volta hoje. Ele volta para tê-la em seus braços novamente, para beijá-la como se não houvesse tempo para cerimônias, para beliscá-la com uma mordida e rezar a missa sagrada do amor: eu a amo! Veja, se a saudade é o percalço, o reencontro faz de um dia simples o mais sublime de todos.


Tô chegando, mané. Eu te amo muito!

15 novembro, 2010

As indecisões em um quarto branco

Eu disse "Vamos embora?" e ela "Pra onde?". Respondi "Não sei, seus passos sabem?" e ela "Não, mas a porta só dá em um lugar."
-- Mesmo? Onde?
-- Para o infinito. Ou seja, aonde você quiser ir.
-- E aonde você quer ir?
-- Não sei, suas pernas sabem?
Continuamos na mesma situação, estagnados na sala de uma só porta que dava em todos os lugares de uma só forma. Encostamo-nos a uma das quatro paredes brancas que cercavam o local e pensamos.
-- Em que você está pensando?
-- Em fugir.
-- Pra onde?
-- Não sei. Seu pensamento sabe?
-- Não, ele só voa. E passa. Mas de nada sabe.
-- Entendo.
E então os limites físicos entraram no campo psicológico, e, se antes não andavam por falta de destino, agora se acomodavam por falta de vontade. E continuaram.
-- Que som foi esse?
-- Culpa da minha boca.
-- E o que ela faz?
-- Não sei, sua língua sabe?
-- Não. Ela só lambe e se enrola a sua. Nada mais.
E se calaram.

Obs: Não, leitor, eu não fumei...

08 novembro, 2010

Passadismo

Eu caio. Desço no submundo dos escrúpulos. Na queda me passa a cinza fumaça, o carbono branco, negro, vermelho, amarelo, que me tocam a pele e me contraem os poros. Arrepiam-se os pelos quando, por fim, paro de cair ao chegar a um lago frio, não pela temperatura, mas pela ausência de peixes, plantas, água pura... Que mundo é esse?
Que mundo é esse? Que mundo é esse que não escolhi ocupar? Que mundo é esse que me foi dado de bandeja no presente, como sendo um presente? Os homens acham que é o deles, o autêntico mundo civilizado. Se o é, preferiria estar no das bestas. Que civilidade há, afinal, em morrer sufocado com tanto ar disponível, em esquecer os passos para se viver sobre rodas, em assistir à explosão de uma bomba como se fosse fogos de artifício?
E caminhando por entre prédios, pulando de edifício em edifício, vejo que fizeram as ruas e se esqueceram das calçadas: compre um carro ou sente-se em frente à TV. Mais: arrancaram os troncos, esmigalharam as folhas, concretaram as raízes. E plantaram-nas de volta? Vi uma cidade sem mudas que, por sua ausência, gritava ininterruptamente. É sempre assim: com mudas, calam-se; sem mudas, as máquinas fazem sua sinfonia.
Avante, ludistas! Vamos, façam seus trabalhos, cumpram seus papéis. A história precisa mais uma vez de vocês! É preferível a vida sádia na ignorância à morte nas trevas da luz. Dêem-me um poço que eu pulo nas profundas águas! Dêem-me um túnel! Mas se a luz ao fundo for a de um trem vindo em minha direção, fecho os olhos. Odeio todo esse futurismo!

01 novembro, 2010

Questão do ENEM

Analisando friamente os leitores do meu blog, percebi que há muitos (hipérbole) jovens entre eles. É bem provável, portanto, que estes meus leitores façam a prova do ENEM nos próximos dias 6 e 7 de Novembro. Pensando nisso, no bem estar e em consideração a essas queridas pessoas (hipérbole? Não, isso é mentira mesmo...), criei esse post para auxiliá-los em seus estudos, disponibilizando um modelo de questão que, não há dúvidas, estará na prova.

MODELO DE QUESTÃO (Física)
 Mire a imagem abaixo:
O Helicóptero ao lado transita por uma região de difícil acesso ao homem. Imagine que ele se encaminha à uma catarata de 700 metros de altura, com V = 90km/h. No topo da queda d'água, preso entre pedras, está uma caixa de metal de 180kg, cujo material interessa ao dono da aeronave. Supondo que no helicóptero há uma corda, desprezando a resistência do ar e considerando g = 10m/s², podemos concluir que o nome do piloto é:
a) Alfredo
b) Bussunda
c) Humberto
d) Não sei o nome, mas deve ser o mesmo cara que participou das filmagens de Tropa de Elite II
e) Chuck Norris

Não se preocupe com o ENEM, caro leitor. É bem provável que haja fraude ou erro na prova, de qualquer maneira...

25 outubro, 2010

Uma triste análise bem-humorada

Vai estatizar? Vai privatizar? É a favor? É contra? Afinal, foi um pedaço de papel ou um rolo de fita adesiva? O PT está mentindo? O PSDB está mentindo? Tem alguém falando a verdade? Perguntas, perguntas e mais perguntas e, mesmo após mais de três meses de campanha, foram poucas as respostas dadas ao eleitor sobre a face dos candidatos à presidência da República. De fato, só sabemos que os dois são horríveis!
Dilma vai investir em educação. Serra vai investir em educação. Zé vai melhorar a saúde pública do país. Rousseff vai melhorar a saúde pública do país. Dilminha vai manter e melhorar o Bolsa Família. Serrinha vai manter e melhorar o Bolsa Família. A petista vai construir várias casas populares para os nordestinos pobres. O tucano vai construir várias casas populares para os nordestinos pobres. É o que eles dizem. Qual a diferença de um para o outro? O partido? Sim e não. Afinal, amigo, historicamente vemos que todos os partidos esquecem suas ideologias ao tomar o poder. A única diferença entre Serra e Dilma é que um é careca e a outra usa um capacete como corte capilar. E é isso que vai definir o seu voto?
Serra, como afirma sua campanha, é do bem. Dilma diz amém. E ambos correm atrás dos votos dos religiosos. No Brasil de 2010 vale muito ser evangélico. Só não vale mais que os bens de Edir Macedo, é claro. Uma frase muito bem colocada afirmava que "Se Deus é o caminho, Edir Macedo é o pedágio". E se o dono da Record é o pedágio, foi Serra quem deu o direito ao homem de se instalar nessa estrada para o infinito. Com Serra é assim: passe o asfalto e cobre o pedágio. Com Dilma é assim: passe o asfalto e nunca mais volte para recapeá-lo. Ficamos na mesma...
Hoje é segunda-feira. No domingo voltaremos às urnas. Muito se bradou nesse segundo turno, mas com gritos de ambos os lados não se ouve a ninguém. Isso foi estratégico: na verdade, nem Dilma nem Serra têm algo concreto para falar ao eleitor. Que falta faz Marina Silva... E, claro, que falta faz Plínio Arruda, que podia ser radical, mas pelo menos era ironicamente divertido.

Gosta de posts políticos? Leia esse: "Ao eleitor"

18 outubro, 2010

Apenas mais uma de amor

Os meses passaram na velocidade dos segundos. Era essa a convicção do casal há tão pouco junto, mas deveras unido. Nesse amor de fundo de quintal não houve espaço para desavenças, apenas o entre os dedos para entrelaçarem as mãos; não houve conversas que tomassem tardes inteiras, apenas o beijo, que é a prosa da alma; não houve o desespero, mas saudade (e muita) quando se desencontravam por dias.
Chamavam-se de "mané" e não "amor", como é de praxe. Havia várias coisas que fugiam do cotidiano de um comum casal: riam da desgraça alheia, da desgraça do companheiro, da desgraça, enfim. A menina influenciava o rapaz. Como ela não tinha coração... Apesar dessa falha estrutural (que, na verdade, nada significa, pois é o cérebro quem comanda tudo), amavam-se e diziam isso um ao outro de maneira sincera e genuína. Nenhum, repito, nenhum "eu te amo" foi dito como quem cospe ao chão.
Dizia ele: "Eu te amo, mané; I love you, loser; je t'aime, Pinochet; yo te quiero, estúpida; heil Kaiser, Hitler" e ela respondia "Aishiteru, baka!". Brincadeiras e ironias eram poderosos elementos desse namoro. Reinvenção também, afinal o que importa não é dizer que ama todas as noites, mas como se faz isso. Descobriram, por exemplo, em uma das brincadeiras, que um tapa, um romântico tapa, é o pressuposto de um acolhedor e delicioso abraço, que, por sua vez, é um prelúdio ao beijo, e depois... Olha a malícia, pervertido leitor!
De todos os percalços que talvez encontrem, o pior deles já foi, de certa forma, sanado. Só o tempo poderá separar esses dois seres de outro planeta, o que é triste, mas, ambos já sabem, não é impossível. E se esse futuro chegar, se as mãos se desunirem completamente, a memória cuidará de fazer imortal aquilo que já é eterno.

PS: Te amo, mané!
PS²: você, leitor, que achou tudo isso muito brega, por favor, considere o seguinte: o amor é brega!
PS³: gostou? Olha esse texto aqui então: Perfeição

11 outubro, 2010

O colorido mundo de 2030

- Pai, eu sou homem!
Os pais gritaram histericamente. Sim, os pais, no plural. Um conservador casal de homossexuais via-se agora diante do que já suspeitavam: o filho homem era homem. "Por que, meu Deus, por quê?" perguntavam-se ambos em pensamento, simultaneamente, algo típico de um relacionamento sintonizado. O menino fora adotado há treze anos, quando contava apenas dois, num processo ágil e eficiente, o que era frequente desde a criação da Lei Clodovil Hernandes, que permitia a adoção por casais homossexuais. Que fique claro: a lei, sancionada em 2015, tinha o intuito de desafogar os orfanatos; fazer os gays felizes foi apenas um consequência. Desde então, é claro, muita coisa mudou. O mundo, com o passar dos anos, coloriu-se cada vez mais; o que antes era absurdo virou tendência; o que antes era moderno tornou-se conservador.
- Me abana, querido, me abana, senão vou desmaiar! - gritou um pai, intempestivo, dando sinais de que cumpriria a promessa sem grandes dificuldades.
- Calma, querido, calma... Viu só o que você faz? Nós estávamos descansando calmamente no sofá e você aparece com um furacão desses na nossa sala? - bradou o outro pai, dirigindo-se inicialmente ao esposo e depois ao filho.
- Achei que devia contar pra vocês...
- Ai... Ai... Eu estou vendo um túnel... Querido, me tira desse túnel, querido!!
- Calma, Humberto, chega de drama. A situação é delicada, mas não precisa exagerar!
- Eu estou vendo uma luz rosa no fim do túnel, querido!!
- Chega, Humberto! Vamos, meu filho, explique essa história pra gente.
- Eu estou namorando uma menina, pai.
- Ai que nojo, querido, que nojo!
- Cala essa boca, Humberto, deixa o menino falar!
- E eu estou amando ela...
Humberto colocou as mãos sobre o ouvido e saiu correndo e gritando "La la la la la la la!!!"
- Deixe seu pai para lá, meu filho, assim podemos conversar melhor.
- Ela é linda, pai, e a gente se gosta de verdade. A gente planeja coisas, conversa por horas, troca experiências... Eu quero me casar com ela!
- Calma, meu filho, cuidado pra não se envolver demais... Você vai acabar se machucando... Eu, como pai, esperava outra coisa de você. Mas não podemos controlar os filhos, muito menos sua sexualidade, então, apesar de não gostar, eu lhe apoio, meu filho.
E assim foi. Os pais, Humberto e o mais ponderado, embora decepcionados, mantiveram-se ao lado do filho, contrariando sua postura conservadora habitual. O menino ficou ao lado de quem amava. Por muito tempo. Não se sabe se por amor ou por falta de opção. Aquele casal era Adão e Eva, e no paraíso deles não havia espaço para traições ou proposta indecorosas, já que nessa terra cheia de arco-íris as serpentes comiam outras serpentes e as aranhas devoravam aranhas.

04 outubro, 2010

Censure!

A língua
A língua lambe linda
A língua lambe a louca língua linda
A linda língua lambe louca
Lambe a outra linda língua
Ainda linda, louca,
Linda lambe ainda a língua louca
Lambe língua
A língua linda
Lambe louca
Lambe a linda língua,
A língua louca
A língua linda
A lexical língua
A língua

27 setembro, 2010

Novo verbo!

Atenção, Aurélio! Atenção, Houaiss! Atenção, Prof. Pasquale! Há um novo verbo em circulação que deve ser catalogado, estudado e incluído na língua portuguesa do Brasil, ou no "brasileiro", como dizem. O verbo originou-se de outra palavra e manteve boa parte do significado atribuído a essa primeira. Trata-se de "filhadaputear". Conjuguemos, no presente:

Eu filhodaputeio
Tu filhodaputeias
Ele filhodaputeia
Nós filhodaputeamos
Vós filhodaputeais
Eles filhodaputeiam

O verbo em outros tempos e modos segue a regra geral. Todo filho da puta é igual, portanto o verbo não é defectivo ou irregular. Voltamos em breve com mais atualizações da língua!

20 setembro, 2010

Pois normalmente quem julga não conhece...

- Olha ali!
- O quê?
- Olha!
- Onde?
- Ali!
- Qué que tem?
- Olha só! Mó gata...
- Gorda.
- E aquela ali? Olha aquela bunda!
- Murcha.
- Aquele peito!
- Caído.
- E aquela lá? Bonitinha, até... Boa de papo...
- Nerd.
- Vem cá, você é gay?
- Não, sou seletivo.
- E o que te chama atenção numa mulher?
- O sorriso. Mas sem cárie. E sem aparelho.
- Credo, você é muito chato!
- Não, chata é aquela ali, que corre atrás de todo mundo e não pega ninguém.
- Já deu?
- Eu não!
- Não você, ela!
- Já. Dizem.
- Quem "dizem"?
- Eu digo.
- Pra quem?
- Pr'aquele ali.
- Ele?
- Ele.
- Meu Deus...
- Então.
- E quem mais deu?
- Aquelas dali.
- Bom, pelo menos são bonitinhas...
- Não acha elas feias?
- Não.
- Já eu prefiro minha vó!
- Você é dramático. E gay!
- Sou realista. E, já disse, não sou gay, sou seletivo!
Papo de dois virgens.

13 setembro, 2010

O homem é o coelho do homem

Hoje há tanto que mate, não é mesmo? Morre-se de AIDS, de fome, de miséria, com a falta de recursos indispensáveis, como a água, de gripe suína, aviária, comum (os idosos adoram morrer desta última), em guerras, com bombas, simples ou nucleares, com tiros de diversos calibres, com qualquer tipo de violência, com o uso desenfreado de drogas, em morros ou na cobertura de um prédio no Leblon, por ser desta ou daquela religião, deste ou daquele hemisfério, deste ou daquele país, por causa deste ou daquele fanático. Enfim, morre-se.
A culpa mata. A curiosidade mata. O ócio mata. A solidão, a depressão, um caminhão, o amor, a dor, um refletor, a indecência, a decadência, uma licença (médica), o egoísmo, o racismo, o protecionismo (materno), a fadiga, a mandinga, uma lombriga, a reclamação, a oração, uma conta de divisão, o casamento e a separação, a lembrança e a ilusão, o Bruno e o Macarrão: tudo isso mata!
E são tantos mais os fatos, as situações, as peculiaridades, os sujeitos que levam ao óbito que se opta por parar a listagem aqui. A considerar? Apenas o seguinte: as formas de se morrer são inúmeras, incontáveis; a de se nascer continua sendo apenas através do sexo; e, mesmo assim, a previsão é que cheguemos a 9 bilhões de irmãos nesta pequenina Terra! De China já basta a China, não quero um mundo inteiro assim! Por isso passe a sorrir ao assistir ao telejornal informando as várias tragédias do dia. Eu prezo pelo meu espaço, leitor, e você?
E viva o homem e sua admirável capacidade de (se) foder como os coelhos...

06 setembro, 2010

"Purpurina ou morte!"

Os tempos mudaram, mas para a estagnação: hoje é comum vermos um sujeito homem com seus quarenta e poucos anos vivendo na casa dos pais. Essa é uma tendência mundial, mas no Brasil é incentivada desde 1500. Se você critica seu amigo de meia idade pelo comodismo, que diz do nosso país que demorou 322 anos para se tornar independente?
Em se tratando da nossa independência, todos a associam com D. Pedro I, sobre seu cavalo (branco de Napoleão), erguendo a espada e gritando "Independência ou morte!". Talvez a maior homossexualidade de que se tem registro, diga-se de passagem. É, sem dúvida, uma das maiores injustiças da história. E os baianos, e os mineiros (os de Minas, não os do Chile), e os pernambucanos, e suas respectivas revoluções, foram esquecidas? E Tiradentes, o heroi nacional ao lado de Rubinho e da Mulher Melancia, não deve ser relembrado ao menos por respeito, afinal, após ser esquartejado, conseguiu estar em dois lugares ao mesmo tempo (para registrar: só perdia para Deus)? E o Irã? Por que citá-lo? Qual a relação do país islâmico com nossa independência? Nenhuma. Ignore a última sentença, o autor desse texto deve estar bêbado...
Tudo bem, não podemos julgar o brasileiro, um povo que tem por cultura engolir, sem pensar, qualquer coisa que lhe digam e esquecer o que devia estar anotado na agenda ou nas fichas criminais. Também não podemos deixar de mencionar que, para deixarmos nossos pais portugueses, adotamos os ingleses como padrinhos. E mais tarde os estadunidenses. Recentemente, os chineses. No governo Dilma o padrinho será Lula. Um círculo vicioso, como vemos.
A independência do Brasil é uma mentira que tem apenas três finalidades: serve de matéria-prima para os pintores do primeiro imperador deste país, de conteúdo para provas de história e de razão para termos um feriado em setembro. Só. O que mais me espanta, no entanto, não é nada disso, mas o fato de ainda não haver o bloco D. Pedro I na Parada Gay de São Paulo, gritando histericamente "Purpurina ou morte!", pra não dizer outra coisa...

30 agosto, 2010

23 agosto, 2010

Perfeição

Estranhos. Dois estranhos. Ela, tão jovem, andava sempre aos bandos, com as amigas, buscando um abrigo ou um refúgio, sempre, como faz um mendigo e, ao achar, escondia-se em meio aos ombros dos companheiros, como se tentasse se proteger de um ataque. Ele, mais velho, mas não ao ponto de usar bengalas, andava pouco e ao léu, sempre rindo-se ou fazendo rir: uma triste alma que usava da felicidade para censurar a tristeza. Usavam casacos, cada qual com sua peculiaridade, sem variar os modelos. Ele tinha o hábito de escrever; ela, a estranha mania de separar, por um espaço, a frase da interrogação. Detalhes.
Conheceram-se sem o toque e o habitual "Muito prazer!". Ela passou a acompanhá-lo com o olhar distante e furtivo. Assustava-se com o que começava a sentir. Ele, como é próprio dos homens, distraia-se com futilidades e não se atentava ao óbvio. Foi preciso a menina se denunciar, arcando com a vergonha diária de passar ao lado do rapaz (era muito tímida) e com a pressão dos amigos. Ele despertou de seu ridículo transe. Vê-se que o que une não é o destino, mas a vontade. E, talvez, a feniletilamina.
Saíram uma primeira vez. Os papos não se encontraram, que dirá as mãos e os lábios! Da segunda, no entanto, trazem boas recordações: na porta de um supermercado (olha o cenário e a extravasação de romantismo, leitor, olha!), em meio a sacolas plásticas, carrinhos e alguns consumidores, permitiram-se e se beijaram, confundindo-se, por aqueles minutos, sobre a vida e sobre quem era quem. Ao fundo ouvia-se uma escandalosa mulher gritando "Que absurdo é esse aqui na entrada?"
E continuaram se vendo e compartilhando suas estranhezas e resfriados, pois assim deve ser. Veja, leitor, o amor não é como se escreve ou como se vê nas novelas: sorte nossa. O amor se faz de singularidades, faz-se diferente para cada um: sorte nossa, novamente. Talvez o casal do texto não seja o mais apaixonante, nem o mais romântico, nem o mais invejado, nem o das carícias plenas, nem o que se entrelaça de cinco em cinco minutos. E isso importa? Ela andava com ele no corpo, ou melhor, com seu cheiro, e ele levava a menina no pensamento. Isso importa. Temos aqui um homem e uma mulher, um casal perfeito em suas imperfeições.

Entendeu, Juh?

16 agosto, 2010

O aquecimento global é uma furada!

A realidade causa o medo. O medo coletivizado causa o pânico. O pânico disseminado é sintoma da ignorância. E, inevitavelmente, ele se espalha por qualquer motivo: câncer, crescimento da AIDS, crescimento da Argentina, possibilidade de Plínio Arruda ser presidente, possibilidade de o goleiro Bruno ser solto, ou, pausa dramática, o aquecimento global. Frisa-se: temer o aquecimento global é o pior dos pânicos.
Tudo começou nos anos 90, quando alguns cientistas propagandearam o problema após estudar as estrelas. Depois foi a vez de Al Gore, um candidato frustrado, resolver ganhar dinheiro dando palestras a partir de gráficos e mais gráficos desenhados à mão. O povo, no entanto, comprou a (cara) ideia (e também o DVD) de Gore e, não tardou, instaurou-se o pânico.
Surgiram, depois da identificação do problema, medidas para solucionar a enfermidade do planeta. Confesso que, a cada nova ideia, implanto-a em minha vida. Confesso também que tenho o costume de mentir. Especialistas afirmam que diminuir o gasto com energia elétrica ajuda a combater o aquecimento global; pois sim. Especialistas afirmam que urinar e, pasmem!, defecar no banho é uma boa atitude; pois sim. Especialistas afirmam que é positivo pintar o telhado de branco; pois sim. Especialistas dizem ainda que cumprimentar a todos com u "bom dia" é interessante; pois não? Quão ridículo é isto? E quanto tempo demorará para que alguém, de fato, diga essa bobagem?
Gritem, meus caros, gritem, mas o aquecimento global é uma besteira! Os ecologistas não ganharam a alcunha de eco-chatos, e eu de hiperbólico, à toa. A verdade é que a Terra segue um ciclo vicioso e inconstante: um dia chove, no outro faz sol. Particularmente, só estenderei a mão pela manhã em um cumprimento quando nevar em Manaus ou coisa do tipo...

09 agosto, 2010

Não convide um escritor mal humorado para sair...

Todos conhecem o azedume. Não o mau cheiro, mas o mau humor de um dia infernal. Imagine-se agora num bar, por favor, trabalhador, após suas belas e produtivas oito horas de trabalho.
Primeiro ponto: o que mais irrita quem já está irritado é a felicidade alheia. Que lugar propício, então, um bar, em que os ânimos já estão exaltados e regados por um chopp quente.
Começa a música. Um trio composto por um boliviano, um paraguaio e um perdido, tocando, respectivamente, um teclado com efeitos bregas, um violão e (rima estúpida e profunda) o nosso coração, inicia seu trabalho. Cornos têm preferência. Pessoas que andam de ônibus também.
O ambiente é instigante, ou deveria ser. A iluminação lembra um bistrô; o telhado, uma senzala. As mesas apertadas dão às pernas o incômodo impulso inicial para a dança. É como se estivesse n' "O Cortiço", momentaneamente, e milhares de Ritas Baianas o provocassem, vulgarmente.
Sempre há quem se empolgue. Há os que pulem ao dançar e quem suba na mesa e grite truco, não se sabe por quê. E você, perguntando-se, de cinco em cinco minutos, o que faz ali, pega uma bebida e reza para ter logo sua cama sob seu corpo.
Perdoe meu mau humor, mas PUTA QUE PARIU, tudo tem limite...

02 agosto, 2010

Mini-tradutor de carinhas de MSN

Você provavelmente leu o título desse post e pensou "Nossa, quem é o idiota que precisa de um mini-tradutor para carinhas do MSN? Todo mundo sabe o que elas significam!". Engana-se meu caro, eu não sei. E acredito que, assim como eu, exista mais alguém que não saiba. Talvez uma ou duas pessoas... Então esse post é feito especialmente para essa minoria. Aprenda, agora, o que significam as carinhas mais usadas nas suas conversas pelo messenger:






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 Gostou? Mande sugestões para novas traduções!
PS: Esse post contou com a ajuda da especialista em linguagens digitais, Juliana Pedrini. Valeu, Juh!

26 julho, 2010

Mendigando

     Piazada! Dá licença. Não, não, pode ficar tranquilos, não tenho arma não, ó. Sou da paz, sou paz e amor, sou fortaleza (dois socos no peito e uma mão ao ar), piazada! Eu não queria incomodar vocês não, sabe? Não faria essas coisas normalmente, mas, tu nem sabe, tô numa pior... Sou lá de Camburiu, Santa Catarina, tu sabem? É... Lá eu tava bonito... Mas eu perdi tudo pra água, piazada, tudo, quase toda a minha família, perdi até minha mulher: uma prancha 618". Pah, tu devia ver, piazada, eu surfava bonito. Tá vendo essa sandália de couro que tô usando aqui, ó? Foi presente do Frei Antônio, um camarada meu. Já viram Frei surfando? Pois é, piazada, o Frei Antônio surfava comigo, e surfava bonito! Aliás, se um dia tu for pra lá, piazada, pode chegar lá na praia, que se eu tiver lá, te dou comida e um abrigo. Nois tem que se ajudá, né?
     Mas aí veio a água e eu perdi tudo. Fiquei só com meu filho, tá sabendo. O piá tem cabeça, é fortaleza (dois socos no peito e uma mão ao ar)! É só por causa dele que não me joguei embaixo de um caminhão até hoje. Minha vontade era essa. Posso sentar, piazada? (deixa o saquinho de trouxas que levava consigo no chão e depois se senta). Brigado. Pah, vou falar pra tu: vim pra cá a pé, pratecamente. Vim pra cá porque descobri que meus pais tão aqui. Não aqui, em outra cidade, mas tô tentando ir pra lá, tu sabe? O meu pai tá bonito, e se eu chegá nele, ele vai me resolver a vida! Mas já sofri muito, tu sabem, piazada, já me enganaron muito. A sorte que tive foi encontrar um padre no meio do caminho, ele me deu abrigo por uns dias, me serviu um leite quente que dói os dente.
     Eu não queria pedir assim, mas tô precisando da tua ajuda, piazada, preciso de 6,80. E se tu tiverem uma roupa que num use mais, pode ser qualquer coisa, sabe, uma camisa velha, um shorte de ir na praia, sabe, qualquer coisa mesmo! Que que tu acham? Claro, esse Rals também serve, vou até dar pro meu piá que ele é doido nisso. Mas e o dinheiro, piazada? Qualquer coisa mesmo...
     Sabe, um dia os esquim réds, os mortal réds, os borim réds, os moicanos, os hipes, todos esses grupos vão se unir contra o capitalismo... Mas eu nem vou descutir isso com tu, piazada, deixa prá lá...
     Dois reais? Tá ótimo, tá ótimo. Mais? Não tem pressa, eu te espero. Dez reais? Sabe, sabia que tinha que falar com tu, piazada, um dia a gente ainda vai se encontrar, sabia? Porque ó, o mundo é assim, ó (faz um sinal de prisão com os dedos), pequeneninho.
     Agora eu tenho que ir indo, tu sabem, piazada? Hoje passei lá no CEASA, peguei uns resto de comida, uns osso no supermercado e fiz um cozido que tá ó, hum, uma delícia! Só não tá melhor porque não tinha uma buchada. Mas tenho que ir. Montei um barraco numa praça aqui perto e tenho que cuidar dela, não é? Barraca bonita, tu sabem?
     Ah, meu nome é John. É só lembrar de John Travolta. Ou John Lennon. Daí tu lembram de mim. John. Velho John. É isso aí. Agora eu tenho que ir, porque (e foi-se)...


Para constar:
- John existe. John me contou essa história que agora publico pelo blog quando conversava na frente da casa de amigos meus. John conseguiu os 12 reais mencionados. Dois de uma amiga minha e dez de outra, mais caridosa e ingênua. Confesso que, se estivesse em casa, entregaria-lhe minhas chaves.
- Os erros de português são propositais. Revelam a concordância e o sotaque de John.
- Aposto que fomos enganados, mas tudo bem, a história foi boa e o Velho John é uma figuraça!!
- Se você gostou do post, mendigo, como o Velho John, por seu comentário...

Até a próxima segunda.

19 julho, 2010

Ao eleitor

2010 foi um ano que não começou. Digo isso no pretérito pois tenho convicção de que os poucos eventos que nos restam só terão consequências no futuro. Primeiro foi o carnaval que parou o Brasil; depois a Copa do Mundo; agora as eleições. E se o primeiro, amigo (opa, perdoe-me, resquícios das transmissões na África), exigiu felicidade e o segundo, torcida, este último exige atenção.
Agora, em agosto, começa a propaganda eleitoral gratuita, e, com ela, o desfile de sorrisos, abraços, promessas e discursos de homens e mulheres, os quais até novembro amarão o povo. Penso que o poder (político, principalmente) é uma doença, cujo primeiro sintoma é a alergia às massas.
O que impressiona, no entanto, é a atitude da população diante das urnas. O ato de votar tem, na concepção do povo, o mesmo valor do chute nas questões objetivas das provas escolares. Talvez por isso a educação e a política andem mal deste jeito... Ou o votar seria como apostar nos números da Mega Sena?
A situação, já enraizada, exige mediações para mudarmos. Tentarei algo, portanto. Esse parágrafo será exclusivo como nossas Constituições antigas: não falarei aos moradores das favelas dominadas pelo tráfico, pois, nesses territórios, predomina o coronelismo; não falarei aos que vivem abaixo da linha da pobreza, pois não sou candidato a nada, portanto não quero votos; não falarei nem aos homens, nossa era já passou; falarei às mulheres, as mais sensatas, majoritárias e formadoras de opinião. Peço, encarecidamente, que façam das eleições e do futuro governo uma metáfora com um namoro: ouçam o que eles têm pra dizer, mas não acreditem em tudo; pesquisem seus passados, procurem algo comprometedor; se o casamento acontecer, sejam ciumentas e controladoras, ou seja, perguntem, sem hesitação, onde andam pela noite e, principalmente, o que fazem com o dinheiro do pagamento da conta de luz; se eles forem desleais, faça como em 1992, e peçam a separação.
Ignore o clichê, atente-se apenas a ideia: o voto é o instrumento mais importante que o povo tem para mudar sua realidade. Portanto não o venda por cestas básicas, roupas, alguns trocados ou qualquer outra bobagem! Preservar e valorizar a cultura indígena é compreensível, mas se valer de métodos totalmente prejudiciais como o escambo do pau-brasil por um espelhinho não devia mais ser tolerado. Se, mesmo assim, quiser vender seu voto, troque-o por uma porcentagem do lucro de qualquer empreiteira responsável pela construção de estádios da Copa de 2014.


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12 julho, 2010

Férias

Independente da época, e com isso quero dizer estação do ano, em que ocorram, férias sempre são sinônimas de verão, ou seja, combinam com sorvete, calor, praia e trânsito até chegar nela. Durante esse período, teoricamente feliz, mas que normalmente acaba sendo conflituoso a todos, exceto aos donos de pedágio, o pai de meia idade sempre programa uma viagem de carro para a família sem perguntar à mãe de meia idade (que depois dirá "Viu só? Se tivesse falado comigo antes..."): encarrega-se apenas de arrumar as trouxas, chutar os trouxas dos filhos de cinco e treze anos, o qual vive com um fone no ouvido, para dentro do carro e convencer a mulher de que suas flores não morrerão se ficarem  sem água por trinta dias. "Essa é uma espécie desértica, querida, elas estão acostumadas!", explica. Partem. Assim começam as férias.
O pai de meia idade é um homem, e, como todo homem, tem seu orgulho, mas não tem um mapa. Para  um macho, nas palavras do pai de meia idade, "não há necessidade de mapas: eu conheço o caminho". Perdem-se. A mulher, mais desorientada que uma bússola que aponta para o oeste, sugere ao marido que peça informações para alguém. "Para quem? Você está vendo algo aqui além de muito asfalto e mato? Além do mais eu sei para onde vou! Olha ali a placa! Ube... raba? É, Uberaba! É pra lá que eu vou!". "Mas, bem, a gente não ia pra Santos?". "Nós vamos, eu só peguei um atalho". "Ah... E tem praia em Uberaba, bem?".
Nesse momento o caçula, que dormia até então, acorda:
- Falta muito, pai?
- Um pouco, filho...
- E agora, falta muito?
- Não, filho.
- Não falta muito não, né, pai?
- Não, filho, deita ai e dorme enquanto isso...
- Tô sem sono... Falta muito?
- Filho, até quanto você sabe contar?
- Mil, pai.
- Então conte mil vezes até mil!
- Tá, pai. Um, dois, três, quatro...
- Conte baixo, filho!
Depois de muitas voltas, muitas contagens, muitas informações e muitos dias, a família chega à praia e com ela o resto do Brasil, guiado por pais de meia idade impulsivos. Nosso pai, desesperado, foge com a mulher e os filhos para uma cidade do interior e com praia. Praia artificial, produto da construção de algumas hidrelétricas: Ilha Solteira.
A última linha seria um bom fim, mas não se pode terminar sem se considerar o seguinte: mães odeiam férias. Não só porque elas tem de cuidar dos filhos em período integral, mas porque, mesmo que a família viaje, continuam tendo de cozinhar para todos. Normalmente isso provoca uma revolução feminista, contida por almoços em restaurantes ou separações. E, saiba agora, meu bom pai de meia idade, se a separação não vier dessa forma, virá na volta para casa, quando sua mulher descobrir que suas flores não eram uma espécie desértica.

05 julho, 2010

Voltando à primitividade dos diálogos

Quê?
Sim.
Não.
Depende.
Sei...
Hum.
Consegui!
Porque todo diálogo tem como estrutura mínima a palavra só.

* O trecho ínfimo que você acabou de ler faz parte do meu próximo livro, "Diário de um Mendigo". Comente. Sua opinião é muito importante (tá, estou exagerando...) para mim.
Abraços!

28 junho, 2010

Imagine um mundo...

Imagine um mundo diferente. Imagine um mundo em que não haja viciados, mas que todos sejam drogados, felizes por natureza, capazes de amar. Imagine um mundo sem você, sem suas ignorâncias, futilidades, defeitos. Imagine um mundo em que as lojas do centro não busquem clientes com gritos e som alto, em que não haja tumulto nas calçadas ou propagandas intimidadoras perguntando "Quer pagar quanto?".
Imagine um mundo sem sertanejo, pagode, funk. Imagine o autor desse texto morto após se mostrar contra os estilos musicais preferidos do povo. Imagine um mundo sem o povo. Imagine um mundo sem políticos. Imagine (mas só imagine) um mundo em que os idiotas e os corruptos são presos. Imagine um mundo sem frio no norte e sem calor no sul. Imagine um mundo quadrado (como é), triangular, hexagonal. Imagine-se no início, no Éden, com Eva (ou Adão, se preferir), sem se importar com a maçã, mas preocupando-se em pecar.
Imagine um mundo sem pastores. Imagine um mundo sem rancores. Imagine um mundo sem rimas. Imagine um mundo em preto-e-branco, ou colorido. Imagine um mundo em que o "We are the champions" não é entoado em qualquer conquista, não é prostituido. Imagine um mundo sem prostitutas, e mais triste por isso. Imagine um mundo com mãos calejadas pelo prazer, não pelo trabalho. Imagine um mundo sem Marx! E sem a Mesopotâmia!
Imagine um mundo com mulheres sem TPM. Imagine um mundo sem crianças mimadas. Imagine um mundo alegre, como um homem ébrio. Imagine todas essas possibilidades impossíveis e, conscientemente, continue imaginando. Imagine, imagine... Mas agora acorde.

21 junho, 2010

Se o Saramago fosse brasileiro...

Morreu hoje um dos maiores escritores dos nossos tempos. Vencedor de todos os principais prêmios nacionais e internacionais de literatura, era conceituadíssimo, muito respeitado e nos deixou aos 87 anos. Em toda a sua carreira fez questão de mostrar sua visão crítica do mundo, seu posicionamento comunista e suas objeções e indagações a respeito do que realmente significa Deus, religião e igreja. Alguns o chamavam de louco; outros de ateu; era, na verdade, um gênio.
A comunidade brasileira recebeu a notícia perplexa: todos se perguntavam "mas quem é esse?". A população, desorientada, mudou de canal, do noticiário ao jogo de futebol, porque é preferível perder um escritor "anônimo" do que uma partida importante do Campeonato Brasileiro.
Uma candidata a um alto cargo do Executivo divulgou suas condolências, mostrando-se sentida pela perda. Por ser evangélica foi duramente criticada por dizer-se frustrada com a morte de um ateu, o que fez com que voltasse atrás com sua opinião. O presidente do Brasil, por sua vez, para evitar possíveis problemas religiosos, como os enfrentados pela candidata, afirmou que o "escritor vai tarde", em nota. Também dessa forma, a Academia de Bacharelandos em Literatura, ou ABL, anunciou a abertura das inscrições para tornar-se um imortal, ocupando a cadeira do falecido, e aproveitou para realçar que os interessados devem ser alfabetizados, ter o hábito de tomar chá pela tarde e estar dispostos a sentar-se próximo a José Sarney.
A família do escritor, a única que realmente parecia se importar com o fato, afirmou que o corpo seria velado em sua casa e cremado, no dia seguinte, numa fogueira de São João, como desejava.

14 junho, 2010

Festa Junina

A maioria crê que a festa junina nasceu de tradições caipiras e que, atualmente, celebra e valoriza esses costumes. Uma crença correta, mas não completamente, já que é oriunda, sim, de tradições caipiras, mas mesclados com um homem da cidade grande e um sanfoneiro nordestino.
O sanfoneiro nordestino foi importado, como se sabe, do nordeste, terra em que se cultiva a animação e o entretenimento através da música, normalmente tirada da sanfona, o ano todo. A festa junina só ganhou sua primeira característica marcante – e seus primeiros mortos e feridos – quando um sanfoneiro cantou “Pula a fogueira, iá, iá!” e todos obedeceram – acredita-se que nesse dia nasceu a adestração humana pelo som, que mais tarde daria origem ao axé. Foi um caos. E, claro, foi um sucesso. Logo virou tradição. Foi a partir disso que se criou o dito: quem pula a fogueira, pula a cerca a vida inteira. Daí pararam de pulá-la (a fogueira).
E quanto ao homem da cidade grande? Bom, esse, que na cidade era um político mentiroso – opa, perdoe-me o pleonasmo – criou dança e letra para a festa. Como um grupo de pessoas cumpria exatamente o que ele mandava durante o baile, resolveu chamá-lo de quadrilha. Agora que se explicou a origem, fica mais fácil compreender o número de calúnias durante a dança e por que havia uma parte quebrada no meio do caminho – provavelmente fora superfaturada e construída com material de segunda.
A humanidade avança na odontologia, mas fazem questão de pintar o dente de preto para parecer podre; a humanidade avança na criação de sapatos confortáveis, mas fazem questão de usar bota; a humanidade avança na alta gastronomia, mas fazem questão de comer paçoca. Talvez a maior utilidade da festa junina seja confrontar os baianos, dizendo “Ei, nós também temos uma festa popular que dura o mês inteiro!”

07 junho, 2010

Twitando #3

Falta de assunto gera isso: post com os meus "melhores" (os menos ruins, digo) tweets. Vamos a eles!

– Dizem que os homens só pensam com a cabeça de baixo.Que absurdo! Pensar assim é afirmar que a ejaculação é uma sinapse.


– Platão só deu follow em Sócrates


– Eu acho que Macunaíma tinha vitiligo...

– Dizem que o amor nos deixa bobos e cegos. Acho que o povo brasileiro ama seus políticos...

– As mulheres reclamam que os homens são insensíveis, mas, quando eles passam a ser mais, elas o chamam de gays

– Do jeito que as pessoas andam neuróticas não vai tardar para que alguém processe o eco por plágio

– Sejamos realistas: caridade só existe porque vem acompanhada de abatimento fiscal

– Se verdades doem, imagine socos!

– Eu diria que uma porrada, quando bem dada, é um FORTE argumento

– Se a protagonista de Ilíada é Helena, com certeza o autor da obra não é Homero, mas Manuel Carlos

– Roubar, tranquilo, todo mundo entende...Mas experimente escrever alguma coisa errada pra você ver!

Confira também o Twitando #1 e o Twitando #2 
Até segunda! 

31 maio, 2010

Sobre um pobre professor da Educação Infantil

– Pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato, pato... ganso!

Não entendeu? Veja a DICA (leia a página 130)
Ainda não entendeu? Bom, não sou eu quem vai lhe explicar...

24 maio, 2010

Oh merda!

Leitores, que saudade de vocês! Minto, foi só uma introdução populista. Me acomodei um pouco durante esse quase um mês sem computador e não produzi grandes textos, nem me preocupei em deixar nada preparado. Porém, como é regra nesse blog, quando o autor tem PC deve atualizá-lo na segunda. Chegou a segunda e com ela o texto para animar o começo da sua semana. Vamos ao belo poeminha escrito por mim e outros dois amigos, Patrick Schocair e Renan Araújo:

Oh merda,
Marrom cocô tu és
Quando muy mole, escorre pelos pés

Oh merda,
Sempre nos alivia
Ainda mais nos momentos de azia

Oh merda,
Majestosa desde a sua formação
Pastosa quando há má digestão

Oh merda,
Vai do intestino ao cu sem passar pelo pulmão
Quão boa és! Nem suja o coração

Oh merda,
sai de mansinho, às vezes com emoção
No coitado do vaso que recebe o borrão

Oh merda!

Veja também "Redondilha Minúscula, ou o verso 'Alexandrinho'" clicando ali =>AQUI

19 abril, 2010

Dois pontos

É isto: como isso: nada mais que aquilo: acolá
É isto: chuvisco: que no final do dia se perpetuará
É isto: um risco: que no meu desenho é uma contradição
É isto: arisco: é do meu feitio ir na contramão

Que sobrou daquilo que me atinha?: solidão
Que fazer com a memória inventiva?: pé no chão
Que refletir pra quem não pensa?: religião, não!

Nisso: a pontuação da vida futura: reticências
Nisso: o que realmente guardamos no fim do dia: reminiscências
Nisso: assim se constrói uma poesia: versos tontos
Nisso: pode-se por tudo: principalmente dois pontos

12 abril, 2010

Aniversário

Já que nesta semana, mais precisamente no dia 14, completo meus 17 (dezessete) anos, decidi (nada mais óbvio) fazer um post de aniversário para você, querido (ou não) leitor. E para mim também, diga-se, afinal o aniversário é meu, certo? Vamos lá:

Ah, o aniversário... Tempo de presentes, de festa, de falir seus pais com as despesas da festa. Tempo de reunir os amigos, os inimigos e a tia gorda num mesmo recinto cheio de balões. Tempo de comer guloseimas, e bolos, e tortas, e brigadeiros, e salgadinhos e... ai minha barriga! Tempo de refletir no banheiro após a festa. Falei tanto em tempo, tempo, tempo, que até parece que me esqueci de um detalhe crucial: aniversário só dura um dia.
Aniversário é dia em que plebeu vira rei e, como todo bom monarca, deve ordenar e ser atendido, mas também saber moderar seus decretos para não ir parar na guilhotina no dia seguinte.
Eu tenho a leve impressão de que só as crianças entendem o aniversário: elas o fazem, comemoram e pronto! Adulto não, adulto adora complicar e se complicar. Criança, na sua festa, come brigadeiro e corre, enquanto a mãe cuida de tudo. Adulto, na sua festa, faz sala e recebe os convidados na porta. Isso é uma idiotice! Da próxima vez, em vez de ser um gentleman chato, seja um aniversariante divertido e não se preocupe com nada além de dançar Macarena como quando você tinha quinze anos.
Mas, como pra tudo há uma explicação, explico eu, agora, a razão dos adultos serem tão travados em suas festas: "Com quem será?". Você, adulto, ou até você, criança, me responda: existe algo mais constrangedor que o "Com quem será?"? Não existe! Isso é o motivo de trauma para muitos seres humanos. Pense, você ali, na frente do bolo, rodeado de amigos cantando a canção temida. Você olha para eles, ao que eles lhe respondem com uma expressão de "Hum, safadinho!", e depois olha para a outra vítima da canção que aceitará se casar com você, terá muitos seus, depois se separará, para, após um mês, reatar o casamento, e entrar no cano em um ano, e morrer, como e com você, após um século, com diabetes tipo 2, mas em nenhum momento você vê tanto futuro entre vocês, mesmo porque cada um goza dos seus onze, doze anos... Enfim, é o momento mais terrível e traumático para toda e qualquer pessoa que já teve ao menos uma festinha de aniversário.
Para ser bem honesto, sou um descrente da teoria geral dos aniversários. Não entendo por que ficar feliz e festejar se estamos ficando mais velhos e próximos da morte. É ludibriar-se! Minha pobre cabeça não compreende essas coisas...
E tem também os telefonemas! Como eu detesto os telefonemas! Se nós devemos ser presenteados no nosso aniversário, por que, então, tem de ser com o diabo do telefonema?! Eu realmente não suporto ouvir o dia inteiro o "Parabéns! Tá ficando mais velho hoje, né? – risos (da parte de quem liga). Só estou te ligando para te desejar tudo de bom, viu? Saúde, dinheiro, sucesso, muito amor e carinho. Beijo, fica com Deus. Agora passa pra sua mãe, quero falar com ela". É ou não é irritante?
Mas de uma forma ou de outra, certa hora as luzes se apagam e começa o Parabéns.

Obs: aceita-se parabenizações nos comentários. Até a próxima segunda! 

05 abril, 2010

Acorde, eleitor!

Um post razoalvelmente sério e importante. O amigo leitor que (pasmem!) agora lê esse texto, deve saber que esse ano é de eleição, é ano de pegar fila numa escola qualquer (normalmente é onde se vota) para escolher alguns representantes do povo para cargos no executivo e legislativo, os mesmos que, eventualmente, lhe roubarão e guardarão o dinheiro nos lugares mais improváveis. É por isso, meu caro leitor, que escrevo esse texto: para lhe dar um panorama de como será o cenário eleitoral para o cargo mais importante do executivo. Uma bala pra quem concluiu ser o presidente...

Dona Dilma - Dilma Rousseff é a candidata do governo. Ou melhor, é a candidata do PT. Ou melhor, é a candidata do Presidente, o que a faz candidata do PT e do governo. A revista Veja insiste em focar no ponto de que a ministra não tem história na política nem experiência para abraçar um cargo tão importante, o que não é necessariamente um fato que a descapacita, pois se até um analfabeto funcional conseguiu, por que não ela? Dilma (ou Lula) já abraçam a campanha há alguns meses e viajam juntos para fazer o rosto da "mãe do PAC" aparecer, principalmente quando uma obra é entregue a tempo (fato raro) e é bem construida, ou se a viagem envolve o Nordeste. Marisa, a primeira-dama, tem estado relativamente paciente e não puxa tanto a orelha do presidente por ele estar mais com a segunda-dama (Dilma) do que com ela e a família. Portanto, Dilma, além de ter enfrentado um câncer, uma peruca ridícula, seu cabelo após o tratamento e as viagens pelo Brasil para se promover, ainda precisa ficar de olho, porque paciência de esposa é como bomba-relógio... Talvez o maior problema para a ministra seja carregar nas costas a herança de um dos governos mais escandalosos dos últimos anos... e também o mais seguro economicamente.

Serra Burns - O governador de São Paulo acertou sua candidatura com seu partido (PSDB) após o outro possível e forte candidato (Aécio) desistir. Serra carrega consigo muitos anos de vida pública, além das olheiras grotescas e cabelos escassos. Nada disso o impede de se mostrar vivaz, de candidatar-se à Presidência e de manter um profile no twitter com milhares de seguidores. O queridinho da Veja, no entanto, carrega dois agravantes para se questionar antes de digitar seus números na urna eletrônica:

  • Faz parte do PSDB, partido do ex-presidente FHC, que criou o Real, mas também privatizou tudo o que via pela frente. A pergunta é: queremos isso?
  • Educação. Serra administra o governo de São Paulo. O estado conta com o regime de progressão continuada, que é bem simples de entender, para quem não conhece: todo aluno é passado de ano durante o ensino fundamental, mesmo que não tenha competência para isso. Serra não é seu criador. Chegou a criticar o regime enquanto esteve na prefeitura, em 2006, dizendo "Em nome do ultraliberalismo, o Brasil caminhou para o analfabetismo". Porém ele está no governo agora e o programa continua intacto, em pleno vigor e a educação...

Marina de Deus - Quem não conhece Marina Silva? Eu particularmente sou um grande admirador de seu trabalho, mas nem por isso farei com que você vote nela através de post. Marina tem sim grandes atributos a seu favor, mas também tem contras. Preocupa-me o fato dela ser da Assembléia de Deus. Nosso país é privilegiado por não ter conflitos religiosos e, sabe-se, existe um radicalismo e um fanatismo exagerados na religião de Marina. Até que ponto isso influenciará suas decisões se presidente? Obviamente a tecla "aborto" nem será tocada... Isso é bom? Cada um defende sua ideologia. De uma forma ou de outra, a igreja católica acaba sendo uma barreira também, não para Marina, mas para a sociedade. A IC recentemente mostrou-se irredutível contra alguns pontos do Programa Nacional dos Direitos Humanos de 2009 (incluindo o aborto e a união de homossexuais). Mas enfim... A única certeza que tenho sobre Marina é que, após uma contaminação por mercúrio, cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose, ela nunca fará o mesmo que Tacredo Neves.
  
Ciro Gomes - É casado com Patricia Pillar

29 março, 2010

Compre agora!

Como vocês sabem, eu tenho um twitter. E, às vezes, o conteúdo dos meus tweets me inspiram. Depois que twitei questionando o quê, afinal, essas lojas como a Polishop não vendem, fiquei a matutar e desenvolvi esse post:

"Cansado de ver sempre a mesma mulher, aquela sem graça, sem conteúdo e, o pior, sem um bumbum apresentavel? Já não aguenta mais namorar os trambolhos que, teoricamente, só servem para assustar crianças e para que seus amigos caçoem da sua incapacidade de achar algum ser humano apresentável? E, apesar do seu descontentamento, sabe que você reamente não é capaz de conquistar a sua princesa, como dizem seus amigos? Pois então, meu caro, é pra você que nós criamos a Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman!

A Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman é única, desenvolvida por cientistas, que chegaram a um produto de qualidade e excelêcia. Ela é bela, ela é magra, ela é inteligente; ela faz todas as atividades de uma dona de casa, mais habilmente que uma empregada, buscando a sujeira lá no fundo, e, no final do dia, sempre tomará um vinho ao seu lado e NUNCA reclamará de cansaço ou dor de cabeça. A Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman possui o íncrivel sistema de segurança Anti-TPM que permite uma vida saudável e tranquila a todos que vivem ao seu lado naqueles dias. Suas pernas torneadas, bumbum rígido e barriga de tanquinho foram trabalhadas por horas em todos os nossos produtos de ginásticas que também estão disponíveis para você, se você quiser tornar a sua vida ainda mais perfeita. Só com a Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman você poderá passear no shopping todo fim de semana sem vergonha da sua companhia e entrar no cinema antes de apagar as luzes para que não o vejam. Chega de embaraçamento! Chega de ir ao supermercado só para ser recompensado por uma mulher horrível no fim do dia! A Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman faz isso tudo pra você sem reclamar e sem chantagens!
E então, vai continuar ouvindo às malícias do seus amigos? Compre agora a Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman e mostre a eles quem realmente são os otários!
A Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman é uma exclusividade nossa!
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Mas atenção: se você ligar nos próximos 15 minutos, levará completamente de graça uma segunda Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman! É a sua chance de fazer aquele ménage que você sempre sonhou! Mas aproveite, essa promoção é por tempo limitado!
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22 março, 2010

Ligação Cruzada

– Alô! Aqui quem fala é o Eustáquio e quero reclamar de produto de vocês!
A funcionária, do outro lado da linha, não teve tempo de dizer seu nome, o cordial “boa tarde”, nem sequer falar o nome da loja, como é de praxe. Mas já tinha lidado com clientes assim, então manteve-se calma, escutou todo o discurso do homem e respondeu no momento certo:
– Pois não, senhor, do que se trata?
– Eu fui à sua loja há uns dois meses, no período da noite, com minha mulher. Lembra-se?
– Perdão, senhor, talvez se se descrevesse...
– Sou velho, cabelos brancos, baixo e ando com bengalas. Minha mulher é pelo menos trinta anos mais nova do que eu, anda cheia de joias e toda emperuada.
– Desculpe-me, senhor, muitos casais como o senhor e sua esposa passam por aqui todos os dias...
– Tudo bem. O que importa é que presenteei minha mulher com um produto de vocês, porque ela andava muito tristonha, e em dois meses ele quebrou!
– Quebrou como?
– Não sei, simplesmente parou de funcionar! Quando comprei era uma maravilha: firme, imponente, de última geração, como me disseram aí na loja. Minha mulher adorou! Porém, depois de um tempo de uso, a porcaria quebrou. Ele nem vibra mais!
– Ah! Agora sei de qual produto está falando...
– E não sabia antes?
– Não, o senhor não disse!
– E precisa? Você tem que conhecer melhor o lugar onde trabalha.
“E eu conheço, pensou a funcionária, e como conheço”, mas não disse nada disso porque o cliente sempre tem razão.
– O senhor tem razão. Bom, vamos resolver isso. O produto do senhor ainda está na validade, então nós iremos trocá-lo por um novo. De quantos centímetros o senhor quer o outro?
– E tem isso?
– Claro. Depende do seu gosto, digo, do de sua mulher. Ela prefere mini, médio ou super?
– Mini. É como dizem hoje em dia, quanto menor melhor!
– Pois não. Simples ou que vibre?
– Que vibre.
– Preto ou cor de pele?
– Só tem essas cores?
– Sim.
– Preto, então.
– Algum outro detalhe?
– Sim, quero um que filme.
– Filme?
– É, com câmera. Vocês não têm nenhum modelo assim?
– Não.
– E com rádio? Assim vocês têm, certo?
– Senhor, acho que está havendo um engano aqui. Estamos falando da mesma coisa?
– Claro.
– Do que seria, então, senhor?
– Do novo celular da minha mulher, ora essas!
A funcionária desliga o telefone na cara do Sr. Eustáquio.

15 março, 2010

A Redondilha Minúscula, ou versos "Alexandrinhos"

Você que já estudou literatura alguma vez na sua vida já ouviu falar das tais Redondilhas maior e menor, dos versos decassílabos e dos alexandrinos. Eles são usados para classificar um poema de acordo com o número silábico de cada verso. No entanto você nunca viu o que verá agora (mesmo porque essa invenção data da sexta-feira, dia 12/03/10). Eu, eu parceria com Amanda Fonseca (não ponho link para vocês saberem que ela é porque seu namorado é militar e eu não quero confusão pro meu lado), criamos a Redondilha Minúscula, ou o verso "Alexandrinho". Consiste, basicamente, em versos com duas sílabas, como vocês verão no primeiro poema desenvolvido nesse modelo:


Nasci
No chão
Com cu
Na mão

Comi
Feijão
Com pão,
Morri

Uma obra de arte, não?

08 março, 2010

Às mulheres

Não, esse post não será irônico, sarcástico, bem humorado, ou nada do que você está acostumado a ver nesse blog. Aqui não encontrará piadas preconceituosas a respeito das mulheres e de suas conquistas; não direi que elas largaram o curling doméstico para finalmente se firmarem em profissões dignas e, como se teorizava, exclusivamente masculinas; não contarei a história do dia 8 de março, quando mulheres de uma fábrica de tecido fizeram greve e acabaram morrendo queimadas, porque você já sabe a história; não, aqui você apenas encontrará uma singela homenagem dessa singelo depravador mundial.
Poderia falar sobre a mulher de forma simples; seria um ultrage; poderia falar de modo seguro, mas isso é uma particularidade delas; poderia falar de maneira confusa: daí sim estaria sendo honesto. As mulheres confundem porque é do seu feitio, mas porque elas também são uma interrogação para si mesmas. Na verdade não sei o que estou falando de fato, o que queria passar, em resumo, para não me contradizer e me complicar, é um tweet que vi, há alguns dias, no twitter d' O Teatro Mágico: "Mulheres não estão para serem entendidas, mas para serem amadas"

Espero ter agradado alguma mulher que essa tosca homenagem...

Segunda que vem o blog volta com posts normais (se é que podemos chamar aquilo de normal)

01 março, 2010

Lavem a louça!


Servicinho da tarde... Só mais um cliente. Pensando melhor, era mais que um cliente e, acredite, isso não é um bom presságio. Assim eu penso. Assim é. Eu e minhas verdades absolutas. Sempre me julgam; sempre relevo. Julgamentos fazem parte do ofício. Combinação harmônica, não?: preconceito com desejo, sexo com pagamento, orgasmo com teatro.
O sujeito que atendi tinha um perfil típico: altura mediana, roupa mediana, carência... Bom, era esse o detalhe que fazia do rapaz – sim, era um rapaz, vinte anos, no máximo – mais que um cliente. Trazia consigo também óculos fundos, um tênis estilizado e uma jaqueta bege. Simplificaria se dissesse que era estudante, mas aprendi que simplificar e resumir são verbos dispensados por toda boa profissional, como eu. Não entendi a jaqueta que trajava... Não entendo, aliás, agasalhos, calças, sapatos, tênis, camisas, camisetas, regatas, bermudas, enfim, esse monte de pano; entendo mini-saia, salto alto, top e roupa íntima. Pronto, isso me basta!
Recebi o chamado do jovem e parti para sua casa. Já frequentei diversas e, hoje, facilmente sei definir um bom piso, uma boa porta, uma boa cama, um bom lençol, um bom cliente. Ali, que era um apartamento mísero, o piso era barulhento, a porta não trancava, a cama ameaçava tombar, o lençol cheirava a mofo e o cliente você já sabe como era.
– Katya – apresentei-me – ou Katya Nenê, como estava nos Classificados, se preferir.
Ele não disse nada, apenas acenou para que eu entrasse. Entramos, despimo-nos, praticamos, caímos. Ou melhor, caiu. Eu terminei o serviço e me levantei para fumar um cigarro. Enquanto a fumaça subia, o rapaz reolveu saltar a primeira frase desde que estava ali:
– Eu a amo!
– Ah, meu filho, nesse caso vou ter que cobrar um adicional! Sabe como é? Com amor é sempre mais caro!
– Vem cá, cadê meu dinheiro?
– Sobre a mesa da sala.
– Até, então.
E fui. Desses insanos é que fujo toda noite. Peguei minha roupa, meu mais do que justo pagamento e fui!
Atravessava a Praça da Sé quando senti um, dois, tantos e tantos golpes dilacerantes, distribuídos com a raiva de um rebelde e a sutileza de um amante.
– Eu a amo! – dizia o rapaz.
O que mais me doeu não foram os golpes ou a morte, mas o fato do crime ser executado com uma faca de serra pútrida, que, com certeza, jazia na pia do estudante por anos...

24 fevereiro, 2010

POST EXTRAORDINÁRIO

Alguns pontos que deve-se ressaltar:

- Esse post é destinado a todos que desejarem nele comentar. Principalmente o que passarem por esse blog após terem lido alguma matéria na internet sobre a "Polêmica dos palavrões".

- Os interessados no livro não encontrarão o livro em nenhum lugar, por enquanto. Estou em contato com a minha editora para fazer uma nova tiragem do "Dia 4". Em breve vocês saberão, pelo meu twitter, quem me segue, ou até pela mídia, sobre a disponibilidade do livro e onde encontrá-lo.

- O seu comentário sobre o assunto é muito importante. COMENTE!

PS: Não tá entendendo nada? Leia esse e outros links: Midia Max e CG News

22 fevereiro, 2010

Reflexões de quarta-feira de cinzas

Ah!, o Carnaval... Mais um se foi e eu, novamente, fiz a promessa utópica de que nunca mais assistirei aos desfiles .
Sim, a mesmice de sempre passou pelas avenidas de São Paulo e Rio, trazidas, obviamente, pela comunidade (na única data que pode descer do morro com orgulho de si mesma) e seus respectivos presidentes bicheiros e/ou traficantes. Faça o teste: chame, em alto e bom som, em algum período que não seja o Carnaval, alguém pertencente a alguma comunidade e tente confirmar sua origem. Essa pessoa abaixará a cabeça e tentará ocultar a face. Assim:
 - Hei! Você mesmo! É de Nilópolis, certo?
- Fala baixo, pô!
Os sambas sempre englobam palavras africanas, além de acrescentar raça, miscigenação, caravelas, imigração, história e pandeiro. Os enredos são sobre acontecimentos históricos, alguma data importante ou qualquer futilidade. Se algo foge disso, a escola se destaca e é campeã ou ganha poucos pontos e cai para o Grupo de Acesso.
As mulheres compensam todos os aspectos negativos do Carnaval. Todas exuberantes, sejam celebridades, anônimas ou beldades da comunidade, e polêmicas; causam fascínio ao estrangeiro, nóticias aos repórteres e duscussão entre os conservadores, que conseguem se incomodar com tapas-sexo de três centímetros. Os destaques das alegorias, no entanto, passam despercebidos (mesmo estando a mais de dez metros de altura. Isso porque todos têm mais de quarenta anos, enfeitam-se com um ridículo e gigantesco rabo de pavão, vêm agarradinhos a duas hastes de metal e gostam de um... – faça a rima que quiser!
Os julgamentos são comprados (os bicheiros negociam o DEZ!!! pela vida do jurado que, quase imediatamente, aceita as condições impostas) e, por cerca de duas horas, intercala notas máximas e exaltações às mães dos jurados.
E o pior de tudo isso é que eu, apesar de ter ciência da situação, passo as madrugadas carnavalescas grudado na TV e à minha caneca de café. É complicado... Se eu tivesse um pouco de sensatez, iria à Bahia e peregrinaria naqueles arrastões de adestração humana, atrás de um trio-elétrico qualquer.
Um último apelo: renda-se, você também, à magia do carnaval! Se quiser acabar com ele mais cedo, basta beber e pegar a estrada, transar sem camisinha ou ler um texto meu.

15 fevereiro, 2010

Miiiiiinha Mangueira!

Desculpem os que buscam novidades literárias, mas hoje não há. Estou, como em todos os fevereiros da ano, muito envolvido com o carnaval e com a escola mais querida e tradicional do país: Estação Primeira de Mangueira. Portanto, com minhas saudações mangueirenses, fica aqui meus desejos de bom carnaval e, aos mangueirenses, como eu, uma coisinha a mais...

08 fevereiro, 2010

Porque sim!

Fiz o poema abaixo numa noite dessas, depois de muito ouvir Tom Zé. E aí, será que dá samba?

Por que se tem que lavar a louça?
Por que o ladrão tem que roubar a bolsa?
Por que minha mulher tem que cuidar de mim?
Porque sim, porque sim, porque sim!

Por que programa de TV ilude a gente?
Por que sempre tem cabelo no fio do pente?
Por que é que a gente só almeja o fim?
Porque sim, porque sim, porque sim!

Por que casamento termina em divórcio?
Por que, diabos!, fiz esse consórcio?
Por que elefante perde seu marfim?
Porque sim, porque sim, porque sim!

Por que começar é algo definido,
Mas terminar parece um castigo?
E, afinal, por que a gente é assim?
Porque sim, porque sim, porque sim!

01 fevereiro, 2010

O que aconteceu

Pois é, essa semana eu fui suspenso, ou melhor, meu twitter. E como a rede social é minha principal forma de divulgar os posts desse blog, vou adiar por uma semana os textos mais-ou-menos decentes que faço para cá. Perdoe você que leu isso, mas saiba que, com ou sem twitter, segunda que vem tem post novo e bom!

Espero que compreendam.
Vithor Torres

25 janeiro, 2010

Blog de menina

Quem nunca se deparou com um blog de uma adolescente fútil que usa a web como um díario, contando pra ninguém (quando há alguém são suas amigas ou outras meninas fúteis) todos os seus sentimentos, a sua rotina, as suas aflições e, claro, a vontade de pegar aquele que ela julga ser o homem da sua vida (a menina tem seus 14 anos)? A maioria de nós, acredito eu, infelizmente... O que mais me deixa irritado, no entanto, não é entrar por acaso em um blog desses, mas descobrir que todos podemos produzir algo tão medíocre com o mesmo profissionalismo de uma menininha! Eu tentei, não sei exatamente porque, e deu nisso:

"Ai, nem tenho mt q fala hj. To com poka criatividade, sabe? Hj eu fui pra escola bem cedinho, como sempre, sai de casa la pelas 5 da manhã. Aff, odeeeeeio isso. Acordar cedo é horrível! E pegar ônibus logo depois é pior! Mas fazer o q, minha mãe não compra a droga do carro novo! O nosso já tá bem acabadinho, sabe? rsrsrsrs E o cara que ela tá saindo não ajuda agente, mesmo sendo dono de uma mecânica aqui do meu bairro... Ele bebe... E qnd faz isso chega estranho em casa. Eu nem ligo, não é comigo q ele vai durmi mesmo! huahshauhsuahushauhsuahs Ai, sou muito malvada as vezes... rsrs
Mas vou deixar isso de lado. O importante foi o que aconteceu hj la na escola: o Ricardinho olhou pra mim!!!!!!! Ai!!!!!! Ele é um fofo!!! Quase desmaiei quando vi ele me olhando, mas daí quando ia caindo a Mah me segurou e disse pra eu segurar firme, pra fazer de conta que não vi e ainda fazer um charminho... rsrsrs A Mah é fogo! Eu também, mas não como ela. Ela já ficou com todos os meninos da escola, menos o Ricardinho, claro, porque ele é meu e ninguém tasca! huahsuahushauhsuahsuha
Depois da aula voltei pra casa e a Mah veio junto. Ela vive aqui em casa por dois motivos: é minha melhor amiga e tá afim do meu irmão!! huhausuahshuauhsa Ele é muito mané, mas com ela não tem essa, porque ela sempre consegue o que quer.
Ela foi embora a noite e me deixou vendo TV. Vi o BBB (quer dizer, os gatinhos do BBB rsrsrs) e fui dormir. Ai fiquei pensando se o Ricardinho gostava de mim... Sei lá, acho que sim... Uma lagrima escorreu pelo meu rosto... xua!!! Aff, sou muito boba. uhasuhausha Amanhã eu volto com mais noticia! Bjs"

Nota: o autor desse blog (Vithor Torres, o mesmo que escreveu essa nota) está profundamente constrangido e arrependido de ter postado tamanha babaquice.