29 março, 2010

Compre agora!

Como vocês sabem, eu tenho um twitter. E, às vezes, o conteúdo dos meus tweets me inspiram. Depois que twitei questionando o quê, afinal, essas lojas como a Polishop não vendem, fiquei a matutar e desenvolvi esse post:

"Cansado de ver sempre a mesma mulher, aquela sem graça, sem conteúdo e, o pior, sem um bumbum apresentavel? Já não aguenta mais namorar os trambolhos que, teoricamente, só servem para assustar crianças e para que seus amigos caçoem da sua incapacidade de achar algum ser humano apresentável? E, apesar do seu descontentamento, sabe que você reamente não é capaz de conquistar a sua princesa, como dizem seus amigos? Pois então, meu caro, é pra você que nós criamos a Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman!

A Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman é única, desenvolvida por cientistas, que chegaram a um produto de qualidade e excelêcia. Ela é bela, ela é magra, ela é inteligente; ela faz todas as atividades de uma dona de casa, mais habilmente que uma empregada, buscando a sujeira lá no fundo, e, no final do dia, sempre tomará um vinho ao seu lado e NUNCA reclamará de cansaço ou dor de cabeça. A Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman possui o íncrivel sistema de segurança Anti-TPM que permite uma vida saudável e tranquila a todos que vivem ao seu lado naqueles dias. Suas pernas torneadas, bumbum rígido e barriga de tanquinho foram trabalhadas por horas em todos os nossos produtos de ginásticas que também estão disponíveis para você, se você quiser tornar a sua vida ainda mais perfeita. Só com a Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman você poderá passear no shopping todo fim de semana sem vergonha da sua companhia e entrar no cinema antes de apagar as luzes para que não o vejam. Chega de embaraçamento! Chega de ir ao supermercado só para ser recompensado por uma mulher horrível no fim do dia! A Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman faz isso tudo pra você sem reclamar e sem chantagens!
E então, vai continuar ouvindo às malícias do seus amigos? Compre agora a Perfect Extra Beautiful Thin and Smart Woman e mostre a eles quem realmente são os otários!
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22 março, 2010

Ligação Cruzada

– Alô! Aqui quem fala é o Eustáquio e quero reclamar de produto de vocês!
A funcionária, do outro lado da linha, não teve tempo de dizer seu nome, o cordial “boa tarde”, nem sequer falar o nome da loja, como é de praxe. Mas já tinha lidado com clientes assim, então manteve-se calma, escutou todo o discurso do homem e respondeu no momento certo:
– Pois não, senhor, do que se trata?
– Eu fui à sua loja há uns dois meses, no período da noite, com minha mulher. Lembra-se?
– Perdão, senhor, talvez se se descrevesse...
– Sou velho, cabelos brancos, baixo e ando com bengalas. Minha mulher é pelo menos trinta anos mais nova do que eu, anda cheia de joias e toda emperuada.
– Desculpe-me, senhor, muitos casais como o senhor e sua esposa passam por aqui todos os dias...
– Tudo bem. O que importa é que presenteei minha mulher com um produto de vocês, porque ela andava muito tristonha, e em dois meses ele quebrou!
– Quebrou como?
– Não sei, simplesmente parou de funcionar! Quando comprei era uma maravilha: firme, imponente, de última geração, como me disseram aí na loja. Minha mulher adorou! Porém, depois de um tempo de uso, a porcaria quebrou. Ele nem vibra mais!
– Ah! Agora sei de qual produto está falando...
– E não sabia antes?
– Não, o senhor não disse!
– E precisa? Você tem que conhecer melhor o lugar onde trabalha.
“E eu conheço, pensou a funcionária, e como conheço”, mas não disse nada disso porque o cliente sempre tem razão.
– O senhor tem razão. Bom, vamos resolver isso. O produto do senhor ainda está na validade, então nós iremos trocá-lo por um novo. De quantos centímetros o senhor quer o outro?
– E tem isso?
– Claro. Depende do seu gosto, digo, do de sua mulher. Ela prefere mini, médio ou super?
– Mini. É como dizem hoje em dia, quanto menor melhor!
– Pois não. Simples ou que vibre?
– Que vibre.
– Preto ou cor de pele?
– Só tem essas cores?
– Sim.
– Preto, então.
– Algum outro detalhe?
– Sim, quero um que filme.
– Filme?
– É, com câmera. Vocês não têm nenhum modelo assim?
– Não.
– E com rádio? Assim vocês têm, certo?
– Senhor, acho que está havendo um engano aqui. Estamos falando da mesma coisa?
– Claro.
– Do que seria, então, senhor?
– Do novo celular da minha mulher, ora essas!
A funcionária desliga o telefone na cara do Sr. Eustáquio.

15 março, 2010

A Redondilha Minúscula, ou versos "Alexandrinhos"

Você que já estudou literatura alguma vez na sua vida já ouviu falar das tais Redondilhas maior e menor, dos versos decassílabos e dos alexandrinos. Eles são usados para classificar um poema de acordo com o número silábico de cada verso. No entanto você nunca viu o que verá agora (mesmo porque essa invenção data da sexta-feira, dia 12/03/10). Eu, eu parceria com Amanda Fonseca (não ponho link para vocês saberem que ela é porque seu namorado é militar e eu não quero confusão pro meu lado), criamos a Redondilha Minúscula, ou o verso "Alexandrinho". Consiste, basicamente, em versos com duas sílabas, como vocês verão no primeiro poema desenvolvido nesse modelo:


Nasci
No chão
Com cu
Na mão

Comi
Feijão
Com pão,
Morri

Uma obra de arte, não?

08 março, 2010

Às mulheres

Não, esse post não será irônico, sarcástico, bem humorado, ou nada do que você está acostumado a ver nesse blog. Aqui não encontrará piadas preconceituosas a respeito das mulheres e de suas conquistas; não direi que elas largaram o curling doméstico para finalmente se firmarem em profissões dignas e, como se teorizava, exclusivamente masculinas; não contarei a história do dia 8 de março, quando mulheres de uma fábrica de tecido fizeram greve e acabaram morrendo queimadas, porque você já sabe a história; não, aqui você apenas encontrará uma singela homenagem dessa singelo depravador mundial.
Poderia falar sobre a mulher de forma simples; seria um ultrage; poderia falar de modo seguro, mas isso é uma particularidade delas; poderia falar de maneira confusa: daí sim estaria sendo honesto. As mulheres confundem porque é do seu feitio, mas porque elas também são uma interrogação para si mesmas. Na verdade não sei o que estou falando de fato, o que queria passar, em resumo, para não me contradizer e me complicar, é um tweet que vi, há alguns dias, no twitter d' O Teatro Mágico: "Mulheres não estão para serem entendidas, mas para serem amadas"

Espero ter agradado alguma mulher que essa tosca homenagem...

Segunda que vem o blog volta com posts normais (se é que podemos chamar aquilo de normal)

01 março, 2010

Lavem a louça!


Servicinho da tarde... Só mais um cliente. Pensando melhor, era mais que um cliente e, acredite, isso não é um bom presságio. Assim eu penso. Assim é. Eu e minhas verdades absolutas. Sempre me julgam; sempre relevo. Julgamentos fazem parte do ofício. Combinação harmônica, não?: preconceito com desejo, sexo com pagamento, orgasmo com teatro.
O sujeito que atendi tinha um perfil típico: altura mediana, roupa mediana, carência... Bom, era esse o detalhe que fazia do rapaz – sim, era um rapaz, vinte anos, no máximo – mais que um cliente. Trazia consigo também óculos fundos, um tênis estilizado e uma jaqueta bege. Simplificaria se dissesse que era estudante, mas aprendi que simplificar e resumir são verbos dispensados por toda boa profissional, como eu. Não entendi a jaqueta que trajava... Não entendo, aliás, agasalhos, calças, sapatos, tênis, camisas, camisetas, regatas, bermudas, enfim, esse monte de pano; entendo mini-saia, salto alto, top e roupa íntima. Pronto, isso me basta!
Recebi o chamado do jovem e parti para sua casa. Já frequentei diversas e, hoje, facilmente sei definir um bom piso, uma boa porta, uma boa cama, um bom lençol, um bom cliente. Ali, que era um apartamento mísero, o piso era barulhento, a porta não trancava, a cama ameaçava tombar, o lençol cheirava a mofo e o cliente você já sabe como era.
– Katya – apresentei-me – ou Katya Nenê, como estava nos Classificados, se preferir.
Ele não disse nada, apenas acenou para que eu entrasse. Entramos, despimo-nos, praticamos, caímos. Ou melhor, caiu. Eu terminei o serviço e me levantei para fumar um cigarro. Enquanto a fumaça subia, o rapaz reolveu saltar a primeira frase desde que estava ali:
– Eu a amo!
– Ah, meu filho, nesse caso vou ter que cobrar um adicional! Sabe como é? Com amor é sempre mais caro!
– Vem cá, cadê meu dinheiro?
– Sobre a mesa da sala.
– Até, então.
E fui. Desses insanos é que fujo toda noite. Peguei minha roupa, meu mais do que justo pagamento e fui!
Atravessava a Praça da Sé quando senti um, dois, tantos e tantos golpes dilacerantes, distribuídos com a raiva de um rebelde e a sutileza de um amante.
– Eu a amo! – dizia o rapaz.
O que mais me doeu não foram os golpes ou a morte, mas o fato do crime ser executado com uma faca de serra pútrida, que, com certeza, jazia na pia do estudante por anos...