30 maio, 2011

Entre nós dois

Venham-me as pernas abertas,
Venha-me o doce libido,
Vai, rasga logo o desejo,
Tira a camisa comigo

A roupa cai, devagar,
À frente move-se o mar
Sussura a voz, toda assim,
"Quero você dentro, em mim"

Mordisca a boca vermelha,
Que eu lambo a auréola do peito
E acendo a eterna fogueira

Se quer, vai ser do seu jeito,
Pronto, se jogue no chão,
Pois desce no corpo a mão

23 maio, 2011

A-Z

É como dizia a Xuxa...

A de AIDS
B de Beribéri
C de Citomegalovírus
D de Dengue
E de Esquizofrenia
F de Fenilcetonúria
G de Granulomatose de Wegener
H de Hemofilia
I de Impetigo

J Jarcho Levin
K Kawasaki
L Leishmaniose
M Mononucleose
N Neurofibromatose
O osteoporose
P Parkinson
Q Queloide

R de Refluxo
S de Silicose
T de Toxoplasmose
U de Urticária
V de Varizes
W de Wolf-Hirschhorn
X o que que é?
É Xantomatose cerebrotendinosa
Z é Zellweger, Zellweger, Zellweger

15 maio, 2011

A dificuldade do ateu

Já repararam que as expressões que usamos são regadas de religião? Os ateus sofrem no mundo, assim como os canhotos: raramente se lembram deles. Privam os canhotos de infraestrutura própria a sua notoriedade; privam os ateus de se comunicar expressando sua fé na inexistência de Deus. Sim, fé. Não há crente maior no mundo que o ateu. Mesmo que sua crença seja baseada na descrença.
Meu Deus! Jesus! Interjeições corriqueiras. Sobra aos ateus o palavrão, mas não é todo ambiente que aceita tal linguajar. Que fazer? Existem sérios princípios a ser zelados aqui. Sem ironia, leitor, falo sério. Esta situação equivale-se a da cria da profissional do sexo que chama o amiguinho de "filho da puta". Não há como não cair em contradição.
Se algo ocorre como o planejado, diz-se "Graças a Deus!"; "Jesus, Maria e José!", diante de ocasiões inesperadas; em sinal de repugnância, "Deus me livre!"; esperançoso, o fiel diz "... se Deus quiser!"; quando alguém espirra, o americano saúda com um "God bless you" e o brasileiro, respeitoso, responde "Amém"; depois do último beijo e abraço, antes da viagem ou de sair de casa para o trabalho, costumam falar "Deus te abençoe". Deve ser por isso que dizem que Deus é onipresente.
Não sobra ao pobre do ateu um modo particular de se comunicar sem trair suas convicções. Por isso, vamos respeitá-los! Vamos respeitar seus princípios, seus valores, suas escolhas. Ah, e, por favor, não se ofenda se algum dia você disser "Vá com Deus" a um ateu e ele não cumprir sua ordem.

09 maio, 2011

Um gesto atrasado a quem merece

Ainda consigo me lembrar do seu primeiro toque (como esquecer?), aquele, logo que nasci. Foi ela quem me pegou nos braços enquanto todos se mostravam exaustos. Ela gritou, torceu, parecia sofrer enquanto eu não saía; quando me viu, demonstrou seu amor sem limites e me deu colo.
Desde então, ela cuida de mim. Quando tinha fome, ela me dava de comer; sede, de beber; solidão, dava-me um abraço confortável. Enquanto não conhecia ninguém (ou não tinha idade para conhecer mais que minha família), era ela quem brincava comigo, contava-me histórias e me fazia acreditar que a vida podia ser fantástica. A minha era.
Um dia comecei a crescer. Já não era tão dependente. Precisava de mais companhias, de novas amizades, de outros ambientes, por isso fui deixando, gradativamente, a mão macia que me alimentava para me nutrir do mundo. Cada vez mais me afastava. Ela sabia que era normal e sofria por isso, mas, sempre sorridente, dizia-me "Vai!".
Houve o dia que saí de casa. Definitivamente. Lembro de ter-lhe dado um abraço comedido, um beijo impessoal e ela, toda chorosa, desejou-me sorte, disse-me que eu estava pronto, que seria um grande homem. Não lhe escutei, como nós, jovens, costumamos fazer. Hoje me arrependo por não lhe ter dado o devido valor e a atenção que ela merecia.
Aproveito a data, então, para deixar gravado que a amo muito e dedicar este texto a ela: minha babá.

02 maio, 2011

"Ninguém sabe explicar o que é o amor" (nem a mentira)

Eu costumava ouvir de tudo, tudo o que, diziam os críticos, prestava. Chico Buarque, Caetano, Tom Zé, Arnaldo Antunes, Beatles, John Mayer, esse era o tipo de música que meu som exalava. E, mais: repudiava qualquer outra forma de expressão e quem a escutava. Mas todo esse bom-senso teve fim.
Antes as rádios informavam e distribuíam bom gosto em suas programações. Hoje elas vivem de vomitar sertanejo. De uns tempos pra cá, comecei a lavar a secreção expelida pelo meu aparelho de som, e meu sistema imunológico acabou não impedindo que um vírus infectasse meu corpo: o meteoro da paixão.
Quando me vi, estava com uma faixa rosa na cabeça, entre milhares e milhares de doentes, como eu, gritando e pulando e cantando todas as músicas. Todas! Eu comecei a chorar quando o vi, ainda não sei por quê. E minha boca acabou bradando uma constatação inconsciente e curiosa: "Lindo!".
Comprei um Santana. Comprei cadernos, mochilas, canecas, estojos, qualquer coisa que me lembrasse ele. Comprei até uma camisinha temática e agora, em vez de gemer ao gozar, canto "vem me amar!!". A doença entrou num estágio obsessivo. Já não sei como me desvencilhar daqueles olhos antagônicos...
Luan Santana, "confesso que estou apaixonado" por você.