23 agosto, 2010

Perfeição

Estranhos. Dois estranhos. Ela, tão jovem, andava sempre aos bandos, com as amigas, buscando um abrigo ou um refúgio, sempre, como faz um mendigo e, ao achar, escondia-se em meio aos ombros dos companheiros, como se tentasse se proteger de um ataque. Ele, mais velho, mas não ao ponto de usar bengalas, andava pouco e ao léu, sempre rindo-se ou fazendo rir: uma triste alma que usava da felicidade para censurar a tristeza. Usavam casacos, cada qual com sua peculiaridade, sem variar os modelos. Ele tinha o hábito de escrever; ela, a estranha mania de separar, por um espaço, a frase da interrogação. Detalhes.
Conheceram-se sem o toque e o habitual "Muito prazer!". Ela passou a acompanhá-lo com o olhar distante e furtivo. Assustava-se com o que começava a sentir. Ele, como é próprio dos homens, distraia-se com futilidades e não se atentava ao óbvio. Foi preciso a menina se denunciar, arcando com a vergonha diária de passar ao lado do rapaz (era muito tímida) e com a pressão dos amigos. Ele despertou de seu ridículo transe. Vê-se que o que une não é o destino, mas a vontade. E, talvez, a feniletilamina.
Saíram uma primeira vez. Os papos não se encontraram, que dirá as mãos e os lábios! Da segunda, no entanto, trazem boas recordações: na porta de um supermercado (olha o cenário e a extravasação de romantismo, leitor, olha!), em meio a sacolas plásticas, carrinhos e alguns consumidores, permitiram-se e se beijaram, confundindo-se, por aqueles minutos, sobre a vida e sobre quem era quem. Ao fundo ouvia-se uma escandalosa mulher gritando "Que absurdo é esse aqui na entrada?"
E continuaram se vendo e compartilhando suas estranhezas e resfriados, pois assim deve ser. Veja, leitor, o amor não é como se escreve ou como se vê nas novelas: sorte nossa. O amor se faz de singularidades, faz-se diferente para cada um: sorte nossa, novamente. Talvez o casal do texto não seja o mais apaixonante, nem o mais romântico, nem o mais invejado, nem o das carícias plenas, nem o que se entrelaça de cinco em cinco minutos. E isso importa? Ela andava com ele no corpo, ou melhor, com seu cheiro, e ele levava a menina no pensamento. Isso importa. Temos aqui um homem e uma mulher, um casal perfeito em suas imperfeições.

Entendeu, Juh?

17 comentários:

  1. *------------------*
    aaaaaah,que liiiiindo*-*

    ResponderExcluir
  2. que lindo vithor,adorei!é um ótimo texto para começar uma segunda-feira haha

    ResponderExcluir
  3. Nusss... que texto lindo Vithor! Adorei mesmo!
    Linguagem gostosa de ler, sensibilidade à flor da pele e ao alcance do dizer o que é bom com palavras leves... TALENTO PARA ESCREVER
    PARABÉNS DE NOVO!
    ps. Adoro seus textos
    =D

    ResponderExcluir
  4. Ameiiiiiiiiiiiiiii....na verdade nós amamos !!!....quero conhecer a garota de sorte...Bjs Tâm e Tia Gê

    ResponderExcluir
  5. ameei*-*muito lindo.Ri muito rs"Etalvez a feniletilamina.""na porta de um supermercado (olha o cenário e a extravasação de romantismo, leitor, olha!), em meio a sacolas plásticas, carrinhos e alguns consumidores" tinha mesmo uma mulher gritando?rs.A feniletilamina ficou famosa.haha,eu sei pra quem é o post!é,eu sou idiota.Enfim,adorei muito lindo queria que alguem escrevesse alguma coisa tão linda pra mim snif.

    ResponderExcluir
  6. Ow muleke, vai tomar no seu cu!!!! lindo isso aí!!!

    ResponderExcluir
  7. Lindo, envolvente, como disse uma amiga: "...parece que é um filme..."
    Parabéns, virei fã, viu?

    ResponderExcluir
  8. Que lindo! Quanto amoor, hein? ;]

    ResponderExcluir
  9. Ah! *-*
    Que texto lindo, você escreve muito bem.
    P-A-R-A-B-É-N-S :D
    Gostei, gostei, gostei *ooo*'
    AOKSAOSKOPAPSOKAOSKPOAS

    ResponderExcluir
  10. Mais que perfeito *o*
    e taaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao liindo *-*

    ResponderExcluir
  11. Hermanoteu véééééi!!!!fiz um filminho na minha cabeça...lindoooo, parabéns *---*. EEEu acho que tem alguém apaixonadinhooo.

    ResponderExcluir
  12. O amor é mesmo lindo!!!!
    Eu conheço a razão de tanto romantismo...
    Que Deus os abençoe!

    ResponderExcluir
  13. só to lendo hoje, já tinha ouvido a rspeito, legal, gostei, e descobri q vc consegue se expressar , mesmo sem palavrão.
    antonio torres

    ResponderExcluir
  14. Venho comentar no meu próprio texto após 4 meses da publicação. 4 meses já se completaram, no entanto, no meu convívio com a menina pra quem eu fiz o texto. E foram, sem dúvida, os melhores meses da minha vida. O propósito deste comentário eu desconheço; apenas queria deixar explícito que, se fiquei feliz por ter escrito essa história com palavras, continuo feliz por vivê-la diariamente e até hoje.

    Mané, eu te amo!

    ResponderExcluir

O que achou do post?