29 agosto, 2011

O homem grávido

Juro. Juro que me precavi! Tomei remédios específicos, usei bloqueios, fiz o que estava ao meu alcance. Mas aconteceu... Ainda não sei como, mas aconteceu. Fui num médico após alguns enjoos e sensações esquisitas; após um rápido e conclusivo exame, ele, com um perfil indescritível (mesclava espanto à vontade de rir), apertou minha mão, parabenizando-me, e confirmou: "Você está grávido!"
Estou de três meses e já comecei a organizar tudo. É importante estar bem preparado para quando chegar a hora. Comecei a pesquisar carrinhos e berços, comprar alguns pacotes de fraldas, quando as encontro em promoção, e leite, é claro, muito leite. Esse vai ser um dos meus principais gastos, com certeza. Uma coisa é certa, não vou fazer teste de DNA: eu já sei quem é o pai.
Minha barriga mostrou algumas mudanças: começou a crescer. Por enquanto vou manter essa criança em sigilo e, se me perguntarem, digo que andei tomando cervejas demais. Quando estiver realmente grande, invento qualquer outra história. Tem tanta gente gorda por aí hoje em dia... Falo que engordei, mas que já penso numa cirurgia de redução do estômago. E em adoção, claro.
Grávido. Grávido! Coisa estranha... Uma criança é uma grande responsabilidade, sem dúvida, exige maturidade, atenção, dinheiro, paciência... O que me preocupa mesmo, no entanto, é saber por onde, diabos, esse bebê vai sair!

22 agosto, 2011

Imigração

Sobre os movimentos migratórios no mundo, poderíamos dizer o seguinte:

EUA é uma conservadora.
A Europa é a safada comedida: às vezes deixa que entrem, às vezes se fecha.
Cuba é um pênis encapado: todos querem sair, mas ninguém consegue romper o bloqueio.
A Índia goza cérebros para o mundo.
E o Brasil?
Bom, o Brasil é uma puta: abre as pernas para todos os povos do mundo.

15 agosto, 2011

Estrutiocultura pelo fim da fome!

Não é possível! Inadmissível! Será que ninguém nunca pensou nisso antes? Após elucidar a ideia, fiquei a questionar sobre a viabilidade do recurso e o fato de nunca ter sido apontado. Dentre os inúmeros problemas que inundam a África, de ditadores a doenças, um é crucial, majoritário e, espero eu, após esse texto, uma dificuldade do passado: a fome. Há cerca de um milhão de bocas para se alimentar! Para tanto, resolveria-se esse enorme impasse com uma solução de grande porte: o avestruz.
Não me entendeu? Pois explico-me. Não sou especialista, mas andei pesquisando sobre a estrutiocultura (qualquer idiota munido de um computador e internet, atualmente, pode se intitular pesquisador) e percebi o quanto é viável. O espaço que um boi necessita, por exemplo, pode ser preenchido por 100 avestruzes. Eu disse cem! Nem os japoneses conseguem ocupar tão bem o espaço quanto essa ave. A carne é nobre e farta! Há penas e mais penas para preservar a cultura do povo e esquentá-lo. E, para um continente tão sedento como o africano, uma omelete de ovo de avestruz sacia a fome de meio Congo. E por uma semana.
Ora, o avestruz é uma ave oriunda da África e habita grandes extensões do continente, principalmente a parte subsaariana, a mais pobre. Será que a ONU não percebe isso? Será que não vê que seria muito melhor instalar campos de criação dessas aves aos campos de refugiados? O que você acha que um pobre faminto escolheria: uma barraca de lona ou um X-egg?
Fica a sugestão... Façam isso ou se façam de avestruz e enfiem a cabeça na terra para não ver o problema.

08 agosto, 2011

Minha menina

Minha menina não tem modos. Ela, "criada na mais luxuosa baia suíça", arrota indiscriminadamente, não sabe manusear o talher e não segue os padrões da sociedade. Minha menina não gosta de padrões. Ela não pinta as unhas, não usa vestidos, não se enfeita com brincos, anéis ou maquiagens, nem dá tanta atenção ao penteado. Minha menina tropeça, é descoordenada, desengonçada, esquisita, vive ébria. Minha menina é exatamente tudo o que uma mulher não é. Nem por isso deixa de ser uma.
Minha menina tem o olhar penetrante, negro, fulminante. Seus olhos são difusos e olham, em ângulos diferentes, para o mesmo lugar. Minha menina não tem nenhum grande atributo corporal, não rebola, dança comedidamente. Minha menina é tímida. Mas também sabe ser escandalosa. Minha menina nunca sabe o que quer, ou nunca quer dizer o que ambiciona, não sabe iniciar uma conversa, mas sabe integrar-se em assuntos do passado. Minha menina ri sem pudor, deliciando-se do momento, e termina com um "ah", de suspiro.
Minha menina gosta do detalhe e se prende a eles. Sabe dizer a data do aniversário de todos que conhece, sabe de cor as datas que marcaram sua vida, sabe que nem todos, quase ninguém, compartilham da mesma fixação que ela, mas nem por isso deixa sua mania de lado. Minha menina de corpo plástico, mas não muito flexível, problemático, mas imperecível, sente cócegas por todas as lacunas. Minha menina gosta do toque aveludado, mas também gosta de puxões e apertos nas costas. Minha menina tem calafrios se seu pescoço for alvo de carícias. Minha menina fecha os olhos para aproveitá-las todas.
Adotei a menina há um ano. Ou ela me adotou, não sei bem. O fato é que quando soube que ela queria correr para os meus braços, não hesitei em abraçá-la e, desde então, não mais a soltei. Minha menina aprende comigo diariamente e me ensina o quanto, cada vez mais, dependo dela. Minha menina é pouco sentimental, mas não tem dificuldades em chorar por qualquer motivo. Dou-lhe meu ombro sempre que posso. Minha menina sempre dorme em meus braços, mas nunca ouviu meu "boa noite". Minha menina é terna, e nosso amor, paternal. Às vezes beijo-a na testa para dar certeza do meu sentimento por ela e para dizer com os lábios, sem usar a língua, que ela é só minha. Minha menina.



Minha mané! Um ano. Como eu já disse: meu amor por você é do tamanho dos meus exageros. A última parte do seu presente.

01 agosto, 2011

Nem te conto desse conto!

Era uma vez (sim, apenas uma, pois história como essa nunca ocorreria duas ou mais vezes) um suíno, que, daqui em diante, por motivos eufemísticos, narrativos e clássicos, será tratado como porquinho, uma vagabunda, obviamente leviana, de hábito específicos (usava, por exemplo, religiosamente, uma capa vermelho-fogo-desbotado), a qual atendia pelo nome de Chapeuzinho Vermelho, e um selvagem rousseauniano de trajes precários e ínfimos, conhecido tanto pela antonomásia a ele atribuída (Homem-macaco) quanto por sua designação: Tarzan. Do seu nome, John Clayton III, no entanto, ninguém sabia. Os três eram amigos.
Amizade sincera. Como tal, não havia interesses por trás das relações cultivadas. A diversão destes três era nadar no lago da floresta da chácara da Branca de Neve. Nadavam nus. O porquinho estava sempre dessa forma. Tarzan não tinha grandes dificuldades em despir-se de sua tanga. E a Chapeuzinho tirava o agasalho com cuidado, precavendo-se para que a peça não enroscasse no piercing do mamilo direito. O assunto dentro d'água era sempre o mesmo: sexo. Ninguém se excitava, porém, em respeito à amizade. Conversavam sobre como conquistariam o objeto de desejo de cada um. Em certa data, em comum acordo, todos se comprometeram a declararem-se aos seus amores. E foram.
O porquinho visava a uma relação interespecífica com o Lobo Mau. Chegando na casa de seu amor, bateu à porta e exaltou todas as qualidades que via, declarando-se apaixonadamente. O lobo, indiferente, respondeu que, de acordo com a dieta do nutricionista, não podia mais comer carne suína e fechou a porta. Voltou o porquinho ao lago, decepcionado. Chapeuzinho, bissexual, bateu palmas chamando a Rapunzel em sua torre. Gritou: "Me deixe subir nos seus cabelos que eu faço você subir ao céu, Rapunzel!". A princesa, irritada, mandou descer seu marido, Edward Mãos de Tesoura, para expulsar a menina. Foi-se embora Chapeuzinho, xingando a cabeluda. Tarzan não teve mais sucesso que seus amigos. Acabou sendo agredido por João, com uma baguete, enquanto flertava com Maria. Encontraram-se todos no lago, contaram suas decepções e se abraçaram. Decidiram, então, já que ninguém os queria, dar uma chance à rotina. Fizeram uma orgia no lago.
Ou seja, no fim das contas, dois mais dois dá sempre quatro. Ou de quatro.