O sanfoneiro nordestino foi importado, como se sabe, do nordeste, terra em que se cultiva a animação e o entretenimento através da música, normalmente tirada da sanfona, o ano todo. A festa junina só ganhou sua primeira característica marcante – e seus primeiros mortos e feridos – quando um sanfoneiro cantou “Pula a fogueira, iá, iá!” e todos obedeceram – acredita-se que nesse dia nasceu a adestração humana pelo som, que mais tarde daria origem ao axé. Foi um caos. E, claro, foi um sucesso. Logo virou tradição. Foi a partir disso que se criou o dito: quem pula a fogueira, pula a cerca a vida inteira. Daí pararam de pulá-la (a fogueira).
E quanto ao homem da cidade grande? Bom, esse, que na cidade era um político mentiroso – opa, perdoe-me o pleonasmo – criou dança e letra para a festa. Como um grupo de pessoas cumpria exatamente o que ele mandava durante o baile, resolveu chamá-lo de quadrilha. Agora que se explicou a origem, fica mais fácil compreender o número de calúnias durante a dança e por que havia uma parte quebrada no meio do caminho – provavelmente fora superfaturada e construída com material de segunda.
A humanidade avança na odontologia, mas fazem questão de pintar o dente de preto para parecer podre; a humanidade avança na criação de sapatos confortáveis, mas fazem questão de usar bota; a humanidade avança na alta gastronomia, mas fazem questão de comer paçoca. Talvez a maior utilidade da festa junina seja confrontar os baianos, dizendo “Ei, nós também temos uma festa popular que dura o mês inteiro!”
SHAUHSAUSHAUSHAUSHAUSH'
ResponderExcluira adestração humana pelo som e a decadência das pessoas em festa junina realmente é MUITO #tenso..! D:
/@BruPicoliine
Essa eu vou espalhar, muito legal esse texto!
ResponderExcluir“Pula a fogueira, iá, iá!” e todos obedeceram – acredita-se que nesse dia nasceu a adestração humana pelo som.