21 junho, 2010

Se o Saramago fosse brasileiro...

Morreu hoje um dos maiores escritores dos nossos tempos. Vencedor de todos os principais prêmios nacionais e internacionais de literatura, era conceituadíssimo, muito respeitado e nos deixou aos 87 anos. Em toda a sua carreira fez questão de mostrar sua visão crítica do mundo, seu posicionamento comunista e suas objeções e indagações a respeito do que realmente significa Deus, religião e igreja. Alguns o chamavam de louco; outros de ateu; era, na verdade, um gênio.
A comunidade brasileira recebeu a notícia perplexa: todos se perguntavam "mas quem é esse?". A população, desorientada, mudou de canal, do noticiário ao jogo de futebol, porque é preferível perder um escritor "anônimo" do que uma partida importante do Campeonato Brasileiro.
Uma candidata a um alto cargo do Executivo divulgou suas condolências, mostrando-se sentida pela perda. Por ser evangélica foi duramente criticada por dizer-se frustrada com a morte de um ateu, o que fez com que voltasse atrás com sua opinião. O presidente do Brasil, por sua vez, para evitar possíveis problemas religiosos, como os enfrentados pela candidata, afirmou que o "escritor vai tarde", em nota. Também dessa forma, a Academia de Bacharelandos em Literatura, ou ABL, anunciou a abertura das inscrições para tornar-se um imortal, ocupando a cadeira do falecido, e aproveitou para realçar que os interessados devem ser alfabetizados, ter o hábito de tomar chá pela tarde e estar dispostos a sentar-se próximo a José Sarney.
A família do escritor, a única que realmente parecia se importar com o fato, afirmou que o corpo seria velado em sua casa e cremado, no dia seguinte, numa fogueira de São João, como desejava.

Um comentário:

  1. Cadê a tese? Onde está seu posicionamento no texto, Torres?!
    Esquisito ler um texto seu uma sem opinião explícita (afora as obviedades aqui escritas, tais como a mídia superficial, políticos palntonistas de causos para expressarem meia-dúzia de frases açucaradas e o povo anencéfalo).
    Se bem que falar de Saramago é praticamente redundar-se. Somente quem leu, sabe de seu valor.
    A temática é secundário; seu "ateísmo" mais um reforçador da ideia hoje bem modista de que "ateu = intelectual", pois uma forma de chocar e aparecer é citar Deus/Cristo de forma desdenhosa. Isso causa.
    Saramago não fez isso, apenas subentendeu - quem polemizou foram seus leitores.
    Logo, é sim uma grande perda. Lamentável.
    Esperemos para que novos escritores assim apareçam: geniais, sobrecomuns, autênticos, escritores por escritores (não escritor por leitores). Será que dá para entender?
    Abraços!!

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