15 novembro, 2010

As indecisões em um quarto branco

Eu disse "Vamos embora?" e ela "Pra onde?". Respondi "Não sei, seus passos sabem?" e ela "Não, mas a porta só dá em um lugar."
-- Mesmo? Onde?
-- Para o infinito. Ou seja, aonde você quiser ir.
-- E aonde você quer ir?
-- Não sei, suas pernas sabem?
Continuamos na mesma situação, estagnados na sala de uma só porta que dava em todos os lugares de uma só forma. Encostamo-nos a uma das quatro paredes brancas que cercavam o local e pensamos.
-- Em que você está pensando?
-- Em fugir.
-- Pra onde?
-- Não sei. Seu pensamento sabe?
-- Não, ele só voa. E passa. Mas de nada sabe.
-- Entendo.
E então os limites físicos entraram no campo psicológico, e, se antes não andavam por falta de destino, agora se acomodavam por falta de vontade. E continuaram.
-- Que som foi esse?
-- Culpa da minha boca.
-- E o que ela faz?
-- Não sei, sua língua sabe?
-- Não. Ela só lambe e se enrola a sua. Nada mais.
E se calaram.

Obs: Não, leitor, eu não fumei...

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