31 janeiro, 2011

O nariz

-- Foi difícil... É só o que digo...
Mas nós diremos mais. Difícil é um eufemismo para um situação assombrosa: o parto daquele rapaz. Obstetras de todos os cantos do mundo ainda discutem, em busca de uma resposta plausível, sobre como um nariz tão avantajado passou por um buraco tão (elástico, porém) comprimido. A última parte do bebê a sair de dentro de sua mãe foi sua protuberância nasal. O pai, a que tudo observava, confundiu os órgãos e achou, todo contente, por alguns instantes, que dera origem a um jegue. Depois foi corrigido pelos médicos: era bem dotado, mas de capacidade respiratória, não sexual.
-- Mas eu cresci. E meu nariz também. E meus problemas, meu amigo, mais ainda...
O menino, durante toda a infância e adolescência, sofreu com as brincadeiras dos amigos. Compararam-no a um tucano, o que era, digamos, um desrespeito com a ave. Disseram-no que, ao nascer, os médicos mediram o seu corpo em centímetros e o nariz em quilômetros. Afirmaram que ele tinha cara de pau e que seu espirro era uma ejaculação. Muitos nominariam essa situação como sendo bullying. Nós, porém, devemos alertar que tudo o que falavam era apenas a verdade.
-- E eu fui perdendo meus amigos, com o tempo...
O que é bastante compreensível. Estar ao lado do rapaz equivalia às condições respiratórias do topo do Everest. Ele consumia ar por si e mais quatro. Alguns tentaram manter uma relação de parceria, mas foi impossível. Não são todos que conseguem comprar cilindros de oxigênio com frequência. Abandonado pelas pessoas, tentou arranjar um emprego como despoluidor de ar em uma indústria: não adiantou, pois os empregados saíam exaustos e sufocados no fim do expediente.
-- É, essa é minha vida... Hoje eu faço uns bicos num circo. De qualquer forma, obrigado por meu ouvir. Foi boa nossa conversa.
E foi-se embora. De onde saiu, continuava deitado um enfermo em coma, confortável e seguramente protegido por sua máscara de oxigênio.


Esse texto é dedicado ao meu grande amigo Patrick Schocair. Sua naba é grande, mas eu te amo, brow!

6 comentários:

  1. é nóis que ta irmão! qe eu saiba, só eu e a juh temos homenagens aqui, correto? beijo, te amo!

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  2. Gente, coitado desse cara. Muito engraçado o texto vithor

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  3. Pelo Patrick eu compro quantos cilindros de oxigênio forem precisos! Adorei o texto =D

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  4. toma essa seu otário! aoskdoaskdoakdoasks ela pelo menos tem um coração bom ;P

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Realmente uma hipérbole, porém, muito bem escrita parabéns!!

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