2010 foi um ano que não começou. Digo isso no pretérito pois tenho convicção de que os poucos eventos que nos restam só terão consequências no futuro. Primeiro foi o carnaval que parou o Brasil; depois a Copa do Mundo; agora as eleições. E se o primeiro, amigo (opa, perdoe-me, resquícios das transmissões na África), exigiu felicidade e o segundo, torcida, este último exige atenção.
Agora, em agosto, começa a propaganda eleitoral gratuita, e, com ela, o desfile de sorrisos, abraços, promessas e discursos de homens e mulheres, os quais até novembro amarão o povo. Penso que o poder (político, principalmente) é uma doença, cujo primeiro sintoma é a alergia às massas.
O que impressiona, no entanto, é a atitude da população diante das urnas. O ato de votar tem, na concepção do povo, o mesmo valor do chute nas questões objetivas das provas escolares. Talvez por isso a educação e a política andem mal deste jeito... Ou o votar seria como apostar nos números da Mega Sena?
A situação, já enraizada, exige mediações para mudarmos. Tentarei algo, portanto. Esse parágrafo será exclusivo como nossas Constituições antigas: não falarei aos moradores das favelas dominadas pelo tráfico, pois, nesses territórios, predomina o coronelismo; não falarei aos que vivem abaixo da linha da pobreza, pois não sou candidato a nada, portanto não quero votos; não falarei nem aos homens, nossa era já passou; falarei às mulheres, as mais sensatas, majoritárias e formadoras de opinião. Peço, encarecidamente, que façam das eleições e do futuro governo uma metáfora com um namoro: ouçam o que eles têm pra dizer, mas não acreditem em tudo; pesquisem seus passados, procurem algo comprometedor; se o casamento acontecer, sejam ciumentas e controladoras, ou seja, perguntem, sem hesitação, onde andam pela noite e, principalmente, o que fazem com o dinheiro do pagamento da conta de luz; se eles forem desleais, faça como em 1992, e peçam a separação.
Ignore o clichê, atente-se apenas a ideia: o voto é o instrumento mais importante que o povo tem para mudar sua realidade. Portanto não o venda por cestas básicas, roupas, alguns trocados ou qualquer outra bobagem! Preservar e valorizar a cultura indígena é compreensível, mas se valer de métodos totalmente prejudiciais como o escambo do pau-brasil por um espelhinho não devia mais ser tolerado. Se, mesmo assim, quiser vender seu voto, troque-o por uma porcentagem do lucro de qualquer empreiteira responsável pela construção de estádios da Copa de 2014.
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sempre as grandes decisoes no país são tomadas no ano de 'grandes acontecimentos'...como a copa e as olimpíadas, isso tira a atenção do brasileiro pro que realmente importa, o futuro do país.
ResponderExcluirNão sei como fico tanto tempo sem vir aqui para conferir os novos posts. Você escreve demasiadamente bem, é incrível, de fato. Meus parabéns!
ResponderExcluirSobre o tema abordado, concordo com tudo, e é bem lamentável ter que concordar, porque acreditar que tudo isso seja a mais pura verdade é de doer, até mesmo para o menos "brasileiro" que se tem no país.
O problema maior da "massa" é isso mesmo, pensar que a eleião é uma Mega Sena e nunca querer perder, por isso, não importa em quem se vota, o importante é votar no partido que mais aparece na mídia. Aquele café-com leite: PDSB-PT.
Mas enfim, ótimo post.
Gostei do post e achei a analogia inteligente. Só tenho mnhas dúvidas se o voto tem mesmo todo esse poder transformador. Pra mim toda eleição é um jogo de cartas marcadas. Parece um pensamento paranóico, mas já tive provas que o negócio pode ser muito mais manipulavel do que no fundo todo mundo acha que é. Fora essa questão, se ninguém me representa eu voto nulo, pois o voto nulo, longe de ser uma anienação, uma falta de comprometimento, é um ato muito engajado se sabemos como e porque ele é usado.
ResponderExcluirGostei da analogia, especialmente quando fala sobre escutar mas não acreditar em tudo. Meu pensamento é, infelizmente, como o da Manu. Todas as vezes que ousei ser "inocente", percebi que havia muito mais para saber e como tudo parece uma troca de favores. Confesso não gostar muito de política, apesar de política ser tudo a nossa volta e é sempre muito fácil apontar soluções moralistas que acabam passando pela tangente quando o assunto é ética, mas gostei mesmo do apelo, parabéns.
ResponderExcluirque cabeça dotada de luz,luz essa onde clareia onde muitos veem mas naõ tem a ousadia nata para comentar. sucesso .
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