14 fevereiro, 2011

O futuro do Brasil

-- Socialismo! -- bradou a mulher.
-- Ditadura! -- impôs o homem.
-- Por que a gente não continua tudo como tá mesmo? -- propôs o segundo.
Numa reunião a portas fechadas, sentavam-se esses três em torno de uma extensa e, na ocasião, desnecessária mesa redonda, a fim de decidir por qual futuro seguiria o Brasil. Cada um tinha suas convicções, como se viu, e apresentavam argumentos válidos (às vezes nem tanto...), justificando seu ponto de vista:
-- O povo sofre no Nordeste. Há fome, sede, desemprego. No Sudeste, no entanto, com exceção das chuvas, a vida caminha bem. Temos que acabar com essas disparidades e distribuir melhor nossa renda. Vamos implantar logo o socialismo e acabar com esse problema!
-- Bobagem, isso é utopia. Vamos de ditadura que combina mais! O povo precisa de ordem, de disciplina, de pulso firme, de...
-- Liberdade? Talvez tenha se esquecido desse detalhe... Manter o que temos é o melhor a se fazer.
Continuou o impasse. Os três fecharam-se, a insatisfação era clara nos olhares e nos braços cruzados. A mulher tentou, novamente:
-- Marx, sim, era um grande homem!
-- Vê-se pela admirável situação de Cuba! Marx não serve de modelo! Hitler era um grande homem!
-- Algo me diz que os judeus discordam...
Nada resolvia-se. Cansado de tanta ladainha, o último homem, que pregava a permanência do presente no futuro, soltou essa:
-- Bom mesmo era quando tínhamos o Lula. O povo gostava, os políticos gostavam e os únicos insatisfeitos eram os intelectuais de direita e os leitores de VEJA...

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