28 junho, 2010

Imagine um mundo...

Imagine um mundo diferente. Imagine um mundo em que não haja viciados, mas que todos sejam drogados, felizes por natureza, capazes de amar. Imagine um mundo sem você, sem suas ignorâncias, futilidades, defeitos. Imagine um mundo em que as lojas do centro não busquem clientes com gritos e som alto, em que não haja tumulto nas calçadas ou propagandas intimidadoras perguntando "Quer pagar quanto?".
Imagine um mundo sem sertanejo, pagode, funk. Imagine o autor desse texto morto após se mostrar contra os estilos musicais preferidos do povo. Imagine um mundo sem o povo. Imagine um mundo sem políticos. Imagine (mas só imagine) um mundo em que os idiotas e os corruptos são presos. Imagine um mundo sem frio no norte e sem calor no sul. Imagine um mundo quadrado (como é), triangular, hexagonal. Imagine-se no início, no Éden, com Eva (ou Adão, se preferir), sem se importar com a maçã, mas preocupando-se em pecar.
Imagine um mundo sem pastores. Imagine um mundo sem rancores. Imagine um mundo sem rimas. Imagine um mundo em preto-e-branco, ou colorido. Imagine um mundo em que o "We are the champions" não é entoado em qualquer conquista, não é prostituido. Imagine um mundo sem prostitutas, e mais triste por isso. Imagine um mundo com mãos calejadas pelo prazer, não pelo trabalho. Imagine um mundo sem Marx! E sem a Mesopotâmia!
Imagine um mundo com mulheres sem TPM. Imagine um mundo sem crianças mimadas. Imagine um mundo alegre, como um homem ébrio. Imagine todas essas possibilidades impossíveis e, conscientemente, continue imaginando. Imagine, imagine... Mas agora acorde.

21 junho, 2010

Se o Saramago fosse brasileiro...

Morreu hoje um dos maiores escritores dos nossos tempos. Vencedor de todos os principais prêmios nacionais e internacionais de literatura, era conceituadíssimo, muito respeitado e nos deixou aos 87 anos. Em toda a sua carreira fez questão de mostrar sua visão crítica do mundo, seu posicionamento comunista e suas objeções e indagações a respeito do que realmente significa Deus, religião e igreja. Alguns o chamavam de louco; outros de ateu; era, na verdade, um gênio.
A comunidade brasileira recebeu a notícia perplexa: todos se perguntavam "mas quem é esse?". A população, desorientada, mudou de canal, do noticiário ao jogo de futebol, porque é preferível perder um escritor "anônimo" do que uma partida importante do Campeonato Brasileiro.
Uma candidata a um alto cargo do Executivo divulgou suas condolências, mostrando-se sentida pela perda. Por ser evangélica foi duramente criticada por dizer-se frustrada com a morte de um ateu, o que fez com que voltasse atrás com sua opinião. O presidente do Brasil, por sua vez, para evitar possíveis problemas religiosos, como os enfrentados pela candidata, afirmou que o "escritor vai tarde", em nota. Também dessa forma, a Academia de Bacharelandos em Literatura, ou ABL, anunciou a abertura das inscrições para tornar-se um imortal, ocupando a cadeira do falecido, e aproveitou para realçar que os interessados devem ser alfabetizados, ter o hábito de tomar chá pela tarde e estar dispostos a sentar-se próximo a José Sarney.
A família do escritor, a única que realmente parecia se importar com o fato, afirmou que o corpo seria velado em sua casa e cremado, no dia seguinte, numa fogueira de São João, como desejava.

14 junho, 2010

Festa Junina

A maioria crê que a festa junina nasceu de tradições caipiras e que, atualmente, celebra e valoriza esses costumes. Uma crença correta, mas não completamente, já que é oriunda, sim, de tradições caipiras, mas mesclados com um homem da cidade grande e um sanfoneiro nordestino.
O sanfoneiro nordestino foi importado, como se sabe, do nordeste, terra em que se cultiva a animação e o entretenimento através da música, normalmente tirada da sanfona, o ano todo. A festa junina só ganhou sua primeira característica marcante – e seus primeiros mortos e feridos – quando um sanfoneiro cantou “Pula a fogueira, iá, iá!” e todos obedeceram – acredita-se que nesse dia nasceu a adestração humana pelo som, que mais tarde daria origem ao axé. Foi um caos. E, claro, foi um sucesso. Logo virou tradição. Foi a partir disso que se criou o dito: quem pula a fogueira, pula a cerca a vida inteira. Daí pararam de pulá-la (a fogueira).
E quanto ao homem da cidade grande? Bom, esse, que na cidade era um político mentiroso – opa, perdoe-me o pleonasmo – criou dança e letra para a festa. Como um grupo de pessoas cumpria exatamente o que ele mandava durante o baile, resolveu chamá-lo de quadrilha. Agora que se explicou a origem, fica mais fácil compreender o número de calúnias durante a dança e por que havia uma parte quebrada no meio do caminho – provavelmente fora superfaturada e construída com material de segunda.
A humanidade avança na odontologia, mas fazem questão de pintar o dente de preto para parecer podre; a humanidade avança na criação de sapatos confortáveis, mas fazem questão de usar bota; a humanidade avança na alta gastronomia, mas fazem questão de comer paçoca. Talvez a maior utilidade da festa junina seja confrontar os baianos, dizendo “Ei, nós também temos uma festa popular que dura o mês inteiro!”

07 junho, 2010

Twitando #3

Falta de assunto gera isso: post com os meus "melhores" (os menos ruins, digo) tweets. Vamos a eles!

– Dizem que os homens só pensam com a cabeça de baixo.Que absurdo! Pensar assim é afirmar que a ejaculação é uma sinapse.


– Platão só deu follow em Sócrates


– Eu acho que Macunaíma tinha vitiligo...

– Dizem que o amor nos deixa bobos e cegos. Acho que o povo brasileiro ama seus políticos...

– As mulheres reclamam que os homens são insensíveis, mas, quando eles passam a ser mais, elas o chamam de gays

– Do jeito que as pessoas andam neuróticas não vai tardar para que alguém processe o eco por plágio

– Sejamos realistas: caridade só existe porque vem acompanhada de abatimento fiscal

– Se verdades doem, imagine socos!

– Eu diria que uma porrada, quando bem dada, é um FORTE argumento

– Se a protagonista de Ilíada é Helena, com certeza o autor da obra não é Homero, mas Manuel Carlos

– Roubar, tranquilo, todo mundo entende...Mas experimente escrever alguma coisa errada pra você ver!

Confira também o Twitando #1 e o Twitando #2 
Até segunda!